30 de julho de 2014

Lembranças


 
 
Em dias frios como o de hoje, poder estar em casa e tomar banho à tarde é uma delícia! Há sensações que o nosso cérebro não esquece e sempre que a vivemos ele nos remete a alguém ou momentos passados...
Na infância, durante as férias de julho, passávamos meus irmãos e eu, parte das férias na casa da vovó Geralda. Ela sempre nos dava banho ao entardecer, dizendo que era a melhor hora: ainda havia o restinho do sol e a noite ainda não tinha caído. Banho com sol batendo na janela, aquela banheirona onde caía a água quentinha, e depois se agasalhar bem e calçar meias.
Quando a noite chegava, a gente se acomodava nas poltronas debaixo de cobertores gigantescos e super grossos (só a vovó tinha daqueles!), e ficávamos horas e horas ouvindo os “causos” dela, “sá”? – que era como ela dizia “sabe”?
Ao tomar banho agora à tarde eu consegui sentir o aconchego daqueles dias... o aconchego de vó... Saudade grande!... ...
 
Juliana Azevedo

4 de julho de 2012

Anos 80


Muitos dizem que a década de 1980 foi uma década perdida. Isso se levarmos em consideração a economia do país, que cresceu pouco. Houve uma perda na capacidade de consumo da população, grande desemprego e altas taxas de inflação. No Brasil, a década de 80 foi a época que trouxe o final do ciclo de expansão vivido nos anos 70.   
Mas se consideramos o lado cultural, foi a melhor década de todas! Época alegre, irreverente e carismática, com muitas baladas, músicas, filmes, jogos, brinquedos e roupas extravagantes. As músicas dos anos 80 são ouvidas até hoje com bastante nostalgia e frisson. Baladas como a Festa Ploc, Festa Supra Sumo e Projeto Autobahn não deixam a chama dos anos 80 se apagar. Músicas dos anos 80 embalam não só os mais velhos, que eram adolescentes na época, mas também os mais jovens, que curtem a animação dos flashbacks, telões com filmes e clipes da época.  
Acredito que os jovens cantores que fizeram a década de 80 acontecer, eram jovens que possuíam cultura e eram politizados, e por que não dizer, eram intelectuais! Por isso as letras das músicas não eram ridículas como são hoje. Através da música se protestava, se expressava uma ideia. As músicas tinham conteúdo interessante, e até ajudavam as pessoas a desenvolver um pensamento crítico-social diante da situação do país. Os artistas não eram Emos se achando roqueiros, e as canções não tinham puramente um apelo sexual. Nos anos 80, a música foi essencial para expressar as emoções dos jovens apaixonados por ideais e que tinham sonhos.

Hoje estamos numa era tecnológica e os indivíduos têm buscado outras fontes para recarregar suas energias. As pessoas passam horas e horas na frente de um computador, buscando informações, interagindo com pessoas, baixando filmes, canções, etc. O gosto mudou, a música mudou, e as pessoas apenas seguem o ritmo de cada tempo. Sem contar que os jovens dos anos 80 tiveram, em sua maioria, boa escola na infância e adolescência, ainda que fosse pública. Por isso acredito que foram capazes de criar de forma espetacular as músicas, filmes, objetos da época. Eram mentes espertas e que correram atrás de sonhos. Os jovens de hoje foram crianças e adolescentes na década de 90, quando a educação não foi nenhuma maravilha. Nos anos 90 a qualidade do ensino piorou. Antes, tínhamos uma educação melhor, porém elitizada. Em 90 a educação assumiu um caráter universalista, a cobertura foi ampliada, no entanto, com perda de eficiência. Assim, creio eu, criou-se menos cabeças pensantes e inteligentes, e isso se reflete em todo e qualquer aspecto que possamos analisar, inclusive na cultura.
Nada supera os brinquedos e as brincadeiras dos anos 80: atari, pogobol, gênius, pega-vareta, autoramas. E se não tivéssemos nenhum desses tesouros em casa, tínhamos sacos de bolinhas de gude, montes de figurinhas, elástico (para brincar de pular), amarelinha e uma esperteza fenomenal para trapacear no bafo.

Para quem foi adulto na décaa de 80, talvez esta tenha realmente sido considerada perdida, afinal, as preocupações de um adulto eram outras.  Mas para aqueles que foram crianças e jovens, jamais poderia ter existido uma década tão boa quanto a de 80. A melhor para ser criança, a melhor para se ter sonhos, a mais deliciosa. A única!

Fonte: Wikipedia e Projeto Autobahn (www.anos80.com.br)





23 de maio de 2012

Fulanos...


Naqueles últimos dois meses ela recebeu algumas mensagens interessantes.
Mensagem do Fulano: “Oi! Meu celular é tal. Me liga para a gente marcar de sair hoje à noite.”
Mensagem do Beltrano: “Linda, vamos sair. Não consigo parar de pensar em você. Na verdade, nunca deixei de te amar!” Putz! Forte essa, heim?!
Mensagem do Cicrano: “Como você está, tudo bem? Não manda mais notícias. O que anda fazendo, tá namorando, já casou, tem viajado, etc.? Ainda sinto saudades de você e queria vê-la. Mas, como é uma garota difícil, achei melhor dar um ‘tempo’, para ver se você sentia saudades. Pelo jeito não sentiu. Novamente quero te convidar para sair...”
Ela: ignorando todos. Não no verdadeiro sentido de ignorar. Até respondeu a cada um, com certo carinho, mas deixando claro que nada aconteceria. Não era do feitio dela deixar os rapazes em “stand by”.
Ela, lendo a mensagem de outro mocinho por quem estava interessada: “Vamos continuar amigos, e o amanhã, quem sabe? Quero, realmente, diminuir nossos encontros. Estou me sentindo pressionado e não gosto disso. Sou muito cauteloso, sei lá. Adoro você, mas vamos com calma.”
Maria, que gosta do João, que gosta da Silvia, que gosta do Pedro, que gosta da Maria... Eternos desencontros.
Dá para entender essa vida? Racionalizando, dá!
Quando estamos sozinhos e nos sentimos solitários, geralmente buscamos por afeto, algo que nos complete, ou seja, buscamos prazer, segurança e conforto. Mas quando nosso coração não está em equilíbrio, perdemos a noção de valor próprio, e o primeiro encontro um pouco mais afetivo confunde tudo. Passamos a projetar nossos desejos na pessoa e ficamos esperando que o outro corresponda às nossas expectativas, fantasias. Ficamos extremamente frustrados quando não acontece e depositamos a culpa no outro. Na verdade, devemos aceitar e gostar, de verdade, do que somos. Assim não temos medo da rejeição e muito menos perdemos tempo com emoções desagradáveis, deixando o caminho livre para pessoas que realmente valem à pena. Quando gostamos da gente, damos liberdade para as pessoas gostarem também. Se não estamos bem com nós mesmos, acabamos atraindo as pessoas erradas. Aliás, corrigindo, não existem pessoas erradas, o que existe, na verdade, é uma grande confusão de emoções. E momentos de vida diferentes. A pessoa carente não busca amor, na verdade ela busca algo parecido com ela mesma. Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande. As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui para satisfazer as delas.
As belas e sábias palavras do Mário Quintana resumem tudo:
“Temos que nos bastar... bastar-nos sempre, e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém. As pessoas não se precisam, elas se completam... não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida. Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com a outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher da sua vida. Você aprende a gostar de você, a cuidar de você, e principalmente a gostar de quem gosta de você. O segredo é não cuidar das borboletas, e sim, cuidar do seu jardim para que elas venham até você. No final das contas, você vai achar, não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!”

26 de abril de 2012

Começos

Nada mais animador do que começar. Qualquer coisa. A leitura de um livro, a reforma do apê, começar em novo emprego, o namoro, o novo ano, começar a usar a agenda, a fazer o regime, a escrever em caderno no primeiro dia de aula.

Estamos sempre começando algo. Sempre criando a ilusão de que será para melhor, será diferente daquela vez que não deu certo. Poder começar, ou recomeçar, nos torna mais crentes no futuro melhor. Nossa eterna esperança.

Há bons começos, alguns de coisas tão simples e revigorantes. Há começos difíceis, em que somos obrigados a despender grandes doses de sacrifício. De toda forma, começos são bons. Remetem-nos a novas vivências e nos mostram que aquele ciclo fechou-se. É o término que gera o começo. É o fim que apresenta o início. É a roda da vida.

Começos, términos e recomeços. Começo, meio e fim. Tudo segue essa lógica? Tudo o que começa, termina? Acredito que alguns começos ficam suspensos no ar, como que esperando a melhor hora para seguir em frente: a malhação na academia, o regime, escrever um livro, abrir um negócio, aquele namoro que perdeu o fôlego. Tornam-se pendências. E um dia pode ser que sejam retomados (recomeçados) a fim de que atinjam o seu final. Ou não. Amores, por exemplo, podem se eternizar. Caso contrário, são poucos términos para muitos começos.

De toda forma, começar pressupõe ter vontade. De fazer, de mudar, de crescer, de conhecer o novo ou de rever o antigo. Sem vontade não se começa nada. E recomeçar necessita ainda mais dessa vontade, afinal, você vai percorrer passos já dados ou partir de um ponto já conhecido. Há que se ser mais perseverante ainda! Vale à pena: começos são repletos de promessas. Mesmo sem buscar efetivamente um começo, a gente sempre está à volta com ele, sem perceber. Sem querer (querendo) começamos o novo dia. A misericórdia de Deus é nova a cada manhã. E até intuitivamente estamos sempre começando... Porque a vida segue seu rumo, a vida passa, as pessoas mudam, desafios surgem, novas pessoas também surgem em nosso caminho, e em um belo dia nos damos conta de que o vento soprou para o outro lado e lá estamos nós, criando novas oportunidades, começando ou recomeçando...

Alguns começos são tão silenciosos que você nem percebe.

Alguns finais levam um tempo para se revelarem. Mas quando isso acontece, eles são mais fáceis de suportar.

Muitos finais vêm quando você menos espera. Feito flor que perde o perfume com o tempo/Que esse fim não traga dor/ Pois é apenas um novo começo.”
(Chimarruts – Novo começo)

29 de março de 2012

Senhas


 
No mundo moderno nós vivemos rodeados por senhas. Senha para acessar a conta corrente, para sacar dinheiro, para pagar contas no cartão de crédito ou débito, para comprar roupas no cartão daquela loja que você adora, para acessar o computador da empresa, para ligar o celular, senha para acessar o Orkut, outra senha para o Facebook, senha(s) do(s) e-mail(s). Só eu, acabei de contar, tenho 18 delas!!
A tecnologia das máquinas nos exige as senhas, mas o nosso cérebro, não sendo máquina, em algum momento acaba dando “biziu”. É muita senha para pouca memória ou memória sobrecarregada.
Uma senha ou palavra-passe, ou ainda palavra-chave, ou password, é uma palavra ou código secreto previamente convencionado entre as partes como forma de reconhecimento. São amplamente utilizadas para autenticar usuários e conceder-lhes privilégios — para agir como administradores de um sistema, por exemplo — ou permitir-lhes o acesso a informações personalizadas armazenadas no sistema. (Wikipédia)
Senhas, senhas, senhas... Se você parar para pensar, não são apenas as máquinas e sistemas que as solicitam. Muitas outras situações requerem senhas, ainda que nós não as chamemos ou as vejamos assim.
Qual a deixa para você perceber que alguém está a fim de você? Ou a fim de algo a mais? Esse é um exemplo de um momento em que nós precisamos de um código para seguir em frente. Uma dica. A senha para entrar em outro coração... Uma vez informado esse código, você vai estar plenamente apto a compartilhar as informações que deseja. Um olhar, uma mordida de lábio, um sorriso maroto, uma frase significativa, tudo são sinais que vão sendo convencionados entre vocês dois, e que, usados, permitem o reconhecimento das suas vontades e desejos. E não adianta outra pessoa dar o mesmo sorriso ou falar a mesma frase, não haverá conexão. Estes sinais serão próprios de vocês dois, através dos quais só um e/ou outro terá privilégios, aonde qualquer gesto de um terceiro não será reconhecido pelo sistema já decodificado por vocês.
Mas aproveitem. Muito comumente as senhas expiram...

24 de março de 2012

Sábado à noite



A vida corria lá fora, vozes divertidas podiam ser ouvidas ao longe, a música soava alegre, corações pulsavam felizes ao redor. A noite estava apenas começando e dava ares de que seria pura diversão. Mas lá dentro, um coração batia no compasso lento da angústia.

Havia um monte de dúvidas, incertezas e dilemas.

A vida muda em um segundo, algumas horas, em um dia.

A esperança de ontem já não existia mais.

Ela sabia, no fundo do coração, que algo havia mudado. E ela até imaginava o motivo. Mas certeza mesmo, ela esperava ouvir em breve. Sim, esperava ouvir. Porque pior que ouvir a verdade, é saber sobre esta apenas com o passar do tempo, apenas depois que alguém se cala, covardemente, no intuito de mostrar a sua intenção sem nada dizer. Se acontecesse assim, seria péssimo se ver ignorada.

Até ela ter a certeza de que precisava, para seguir em frente livre das dúvidas, lhe restava a opção de ficar com seus pensamentos e lembranças.

Será que havia a necessidade de se ser tão racional? E o sentimento? A química? A atração? Os gostos em comum? A sincronia? As conversas prazerosas? Tudo seria trocado por um único fator tido como antagônico?

Ela não tinha escolha, não naquele momento. Ela até podia sair, tentar se divertir, mas a dúvida estaria o tempo todo a lhe incomodar a alma, sugando sua energia e teimando em lhe tirar o sorriso do rosto. A ficar assim, ela preferia estar em casa.

Estar sábado à noite em casa...

15 de março de 2012

A porta-voz do Bom Velhinho

Segue texto de um blog que eu acompanho e gosto muito: Surfista Platinado.
Achei super engraçadinho!!!!

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Ok, o Natal já passou faz tempo. Eu sei, mas um certo diálogo, por mais atrasado que esteja, merece registro. A tal conversa se passou entre uma mãe e o casal de filhos – ele com cinco anos e ela com sete.




Era uma vez...

FILHA: Mãe, preciso falar com você.


FILHO: Eu também.


MÃE: Claro. Sou toda ouvidos. Um de cada vez, por favor.

FILHA: Tenho que falar com o Papai Noel.


MÃE: Mas nós fomos ao shopping ontem. Você já falou com ele.


FILHA: Mãe, aquele lá não era o Papai Noel. Ele não resolve.


MÃE: Querida, você já mandou a sua cartinha para ele.


FILHA: Eu sei, mas preciso falar com ele. Ele tem email?


MÃE: Bom, provavelmente não. Se tiver, eu não sei qual é.

FILHA: E celular? Ele deve ter celular. Se for iPhone, eu ligo de graça do seu aparelho.


MÃE: Querida, não tem cobertura de celular no Polo Norte. Aqui no Rio já é complicado, imagina lá por aquelas bandas.


FILHA: Mãe, é urgente. E internet? Ele tem internet? Posso falar com ele pelo Skype.


MÃE: Querida, escreve o que você quer e me passa. Eu dou um jeito de dar o recado para o Papai Noel.


FILHA: Mãe, é particular.


MÃE: Nós não temos segredos uma da outra. Escreve e depois me passa. Eu encaminho para o Papai Noel.


Garotinha obedece e sai contrariada...


MÃE: E você? Qual o problema?


FILHO: Mãe, Papai Noel é velhinho, né?


MÃE: Sim, ele é.


FILHO: Bem velhinho, né?


MÃE: Sim, bem velhinho.


FILHO: Mãe, tem algum risco do Papai Noel morrer antes do Natal e não trazer o meu presente?


MÃE: (...)



QUAL A MORAL DA HISTÓRIA, HE-MAN?

Amiguinho, por mais sábio, articulado e gostosão que seja, o Homem mais Poderoso do Universo tem medo dessas crianças conectadas. Geração @ é fogo! A lição maneira de hoje se concentra na sutileza. Por mais online que sejam, crianças ainda fantasiam. Seja legal com os sonhos delas e deixe que elas descubram a vida naturalmente. E outra coisa, Papai Noel não atende ao celular porque ele é cliente TIM.

Amiguinho, oriente os seus coleguinhas sobre a importância da reciclagem, mas sem se tornar um eco-chato. He-Man, Papai Noel e o Coelhinho da Páscoa detestam os eco-chatos!

Sociabilizar é bom


Happy hour, balada, jogo de futebol ou qualquer outro momento especial: nessas ocasiões, nada melhor do que você se sentir fazendo parte da turma, interagir, estar no mesmo pique de todos. Geralmente, nessas ocasiões, o que te deixa mais solto e descontraído? Um suco? Um café? Uma cerveja? Claro que você respondeu que é a cerveja!

Há quem não seja um bebedor nato. Mas mesmo esses concordam que na hora de reunir a turma para se divertir, é imprescindível que se tome alguns copos de chopp para acompanhar o pessoal, se soltar, rir, falar bobagens, jogar conversa fora, se descontrair e se tornar mais próximo do seu companheiro de mesa de bar. Às vezes se tornar até mais íntimo... Por que não?

É claro que não chego ao ponto de dizer que é só estando “altinho” que alguém toma coragem para dizer ou fazer algo. Mas é certo que a cerveja ajuda a pessoa a se libertar do comportamento padrão, a mostrar a sua opinião sincera, pois ela fica desvestida de uma timidez que pode atrapalhar no dia a dia. Nesses momentos de pura e gostosa sociabilização, a pessoa se mostra sem as reservas que normalmente ela teria se não estivesse bebendo. Ela não se torna outra pessoa, mas sim, está podendo ser verdadeira por causa do efeito do chopp, que some com os seus freios sociais e lhe permite descontrair e ser como ela tem vontade, sem se preocupar com o que os outros vão pensar.

O professor Jason Kawall, no livro Cerveja e Filosofia, defende a importância do álcool na sociabilização e formação de amizades. As histórias compartilhadas tanto no momento em que se bebe, quanto depois da bebedeira (aqui, ele defende aquelas histórias engraçadas dos dias de exagero), moldam a amizade, fortalecendo os laços. Para ele, dividir um café é um gesto de uma aproximação formal, enquanto um convite para cerveja é a abertura para uma intimidade maior. Todos já ouviram a célebre frase: “nunca fiz amigos bebendo leite”.
Personalidades das mais diversas se rendem ao prazer que a cerveja proporciona. Eis as suas frases:
 “Você pensa que o homem precisa de regras; ele precisa é de cerveja.” – Henry Miller
“Nunca vi boa amizade nascer em leiteria.” – Vinicius de Morais

“Para que qualquer país seja considerado um país, ele deve ter uma força aérea, um time de futebol e uma cerveja. Pode até não ter uma força aérea ou um time de futebol, mas tem que ter uma cerveja.” – Frank Zappa

“Cerveja é a prova de que Deus nos ama.” - Benjamin Franklin

Dizem que, talvez, as melhores ideias nasçam nesses momentos de bebedeira. Então, se entregue a alguns momentos de birita. Você irá ganhar, no mínimo, um amigo, e no máximo, uma bela gozação no dia seguinte.  Tudo bem. A ressaca moral será coletiva.



25 de novembro de 2011

A grama do vizinho é sempre mais verde?



Conversa entre família, e minha irmã solta essa:

- A vida da Ju é que é boa! Ela tem um servicinho tranquilo e sem chateação de chefe, não tem subordinados para passar raiva, não tem filhos para darem preocupação e gasto, não tem casa para cuidar, não tem marido e nem namorado para encher o saco! Vida boa só para curtir os amigos, gastar dindin só com ela, só passear, paquerar! Isso que é vida!

- A-hã! - Eu disse.

- Verdade!! Fala que eu tô mentindo!

- Tá bom, viu?? E emendei: a grama do vizinho é sempre mais verde!

Eu estava pensando nessa conversa e achando graça em como é verdade o sentido dessa frase: a grama do vizinho é sempre mais verde.
Deus deve ficar triste com a sua criação. O que fulano tem é cobiçado pelo beltrano, que cobiça o que possui o ciclano, que cobiça a vida do fulano. Vai entender! Por que será que os seres humanos nunca estão satisfeitos? Deve ser pelo simples fato de que não somos perfeitos. Fomos feitos à imagem e semelhança de Deus, mas o pecado estragou tudo! ELE há de nos compreender...
Gi, fique sabendo que eu, como ser imperfeito que sou, também às vezes desejo o que outras pessoas têm, ou no mínimo, ter uma vida parecida...
Meu sonho, desde sempre, foi me casar, ter a minha casinha e maridinho para cuidar, ter filhos... Meu lado “Amélia” é aguçadíssimo!! Eu adoraria ter a chance de ter esses “probleminhas” – que você tem – para resolver! Adoraria viver essa experiência.
Isso é a minha essência... é o que eu realmente sinto que iriai me tornar realizada como pessoa, mais que ter a minha profissão, mais que ter família e amigos que eu amo e que são presentes em minha vida, mais que muitas outras coisas.

Olhando bem, você vai perceber que a grama do vizinho nem sempre é tão mais verde... às vezes ela fica seca também...

23 de novembro de 2011

Sonhos de Natal

Anoiteceu, o sino gemeu
E a gente ficou feliz a rezar
Papai Noel, vê se você tem
A felicidade pra você me dar

Eu pensei que todo mundo
Fosse filho de Papai Noel
E assim felicidade
Eu pensei que fosse uma
Brincadeira de papel

Já faz tempo que eu pedi
Mas o meu Papai Noel não vem
Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem

(Boas Festas - Assis Valente)


A magia do Natal já está no ar. Shoppings, casas, praças, cidades decoradas estão à espera do Bom Velhinho. Melhor que tudo isso, seria também decorar o coração bem ao estilo da época do ano: enchê-lo de solidariedade e esperança! Não é que não devamos ter esses sentimentos ao longo do ano, mas nessa época de festas as diferenças parecem se sobressair, e o desejo de que o mundo seja mais justo salta aos olhos.

Todos nós já tivemos e ainda temos os nossos sonhos. Alguns nós conseguimos realizar. Outros estão à espreita. Sorte de quem pode colecionar superávits na balança dos sonhos... Difícil é não ver nenhuma perspectiva na vida, nenhuma luz no fim do túnel. É fato que quando se é criança a ilusão permeia a vida. Mas ainda assim algumas crianças são cerceadas em seus sonhos, ou por puro destino, ou covardia, ou abandono. 

É louvável perceber boas ações no sentido de oferecer conforto, carinho e preocupação com as crianças que vivem em creches e lares espalhados pelo Brasil afora, ou mesmo com aquelas de famílias humildes. É o mínimo que podemos fazer: proporcionar sorrisos sinceros diante de atitudes tão simples. Essas crianças dependem da caridade de desconhecidos para que estes realizem os sonhos por elas. Muitas vezes, sonhos simples...

Nessa época de magia para poucos, os Correios se juntam às centenas de outras campanhas de Natal para tentar realizar o mais singelo sonho de criança: receber um presente do Papai Noel. E você duvida de que essa ação provoque alegria e esperança na vida? Não duvide... É uma atitude que pode fazer a diferença no caminho de muita criança.

A abertura da Campanha Papai Noel dos Correios, começou no dia 11/11/2011, em São Paulo. A campanha, que chega à sua 22ª edição, estimula a solidariedade e o espírito natalino. Funcionários dos Correios e voluntários de todo o país respondem às cartas das crianças que escrevem ao Papai Noel, e atendem alguns dos pedidos de presentes.

Em 2010 houve cerca de 1,2 milhão cartas destinadas ao Papai Noel. Destas, foram apadrinhadas pela campanha 685.698. Voluntários participam atuando como ajudantes ou padrinhos. Os ajudantes do Papai Noel leem e cadastram as cartinhas. Já os padrinhos são aqueles que “adotam” uma cartinha, providenciando o presente sonhado pela criança ou o presente possível.

Nessas cartas, há pedidos que fogem ao padrão de caridade da campanha, mas há também aqueles pedidos simples, de quem quer apenas receber a atenção do Bom Velhinho que acredita-se existir para todos. São desejos de bonecas, carrinhos, bolas, roupas, sapatos e até material escolar ou um emprego para o pai.

Com cada um fazendo um pouquinho, o mundo pode tornar-se mais justo, e as crianças menos favorecidas podem aprender que sonhar é saudável e que alguns sonhos são plenamente realizáveis. Não deveríamos tirar isso delas. Afinal, os sonhos nos movem... Para mim, acreditar até os 10 anos que o Papai Noel existia foi fundamental para o meu desenvolvimento. Estimulou minha criatividade e me fez perceber que a fantasia era o primeiro passo para transformar o desejo em realidade.

Viver a ingenuidade da fase infantil é delicioso e é algo que vamos levar por toda a vida, mas que na criança é mais manifestado. Conforme vamos crescendo, vamos alternando o que fantasiamos, as crenças vão se modificando, mas elas ainda estão lá. Incentivar uma criança a viver intensamente cada etapa de sua vida é fundamental para que estas transições sejam o mais saudável possível” explica o psicólogo Dr. Paulo Vaz.

O principal benefício que o Papai Noel dos Correios proporciona à sociedade é a disseminação, em todo país, dos valores natalinos como amor ao próximo, solidariedade e felicidade.

Estou indo ali nos Correios pegar a minha cartinha... E você??


(Fonte: Blog dos Correios)

12 de agosto de 2011

Cobertores


O inverno atual já não é mais o mesmo de alguns anos atrás.

Na minha época de escola, durante o inverno, lembro-me de ir todos os dias para a aula usando luvas, e de ficar ao sol com as colegas brincando de fazer fumacinha com o ar da boca em contato com o frio congelante. Hoje quase não se consegue mais obter esse efeito, pelo menos aqui em BH.

Mas inverno é sempre inverno, e apesar de a temperatura do planeta estar aumentando gradativamente, claro que ainda conseguimos ter aqueles dias mais friozinhos. E há pessoas que, mesmo em tempos de invernos não muito rigorosos, não conseguem dormir sem meias nos pés, sair sem cachecol, não usar botas, edredons e cobertores.

Entretanto, venha o frio que vier, nem sempre a gente consegue esquentar o corpo tanto quanto gostaríamos. Por mais que haja casaco, gola rolê e afins, há um tipo de calor que vestimenta ou coberta nenhuma nos oferece: o humano. É triste não ter cobertor de orelha no inverno! Não há chocolate quente, caldo, vinho ou lareira que supra essa falta. Melhor que isso tudo, é ter com quem compartilhá-los. O friozinho pede uma companhia para aproveitar programas mais caseiros. Inverno é a estação ideal para se curtir um romance.

A consultora amorosa Cláudya Toledo, dona de uma das maiores agências de encontros do país, a A2, com sede em Campinas (SP), confirma: o movimento no escritório dela cresce 50% durante o inverno. Pensando nisso, ela até idealizou uma campanha chamada Eu Quero meu Cobertor de Orelha, a fim de promover encontros que começam na web e continuam no mundo real.

“No inverno, as pessoas buscam mais calor, querem estar próximas, buscam o abraço. Também por causa da menor incidência da luz do sol, elas sentem mais solidão. O calor humano, o afeto, a cumplicidade e o companheirismo são as melhores maneiras de sentir conforto” – afirma.

Ainda segundo as estatísticas de Cláudya, relacionamentos iniciados no inverno têm 27% de chance a mais de darem certo do que os começados no verão, quando as pessoas saem mais de casa e a oferta é maior. No inverno todos ficam mais caseiros, hibernando, como os ursos. A estação é boa para ir ao campo, ficar em frente a uma lareira, ver um bom filme, fazer programinhas mais light.

Cobertor de orelha convida a um comportamento de intimidade e reclusão”, explica o psicólogo Fábio Sager, que é professor da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Segundo ele, o frio traz elementos fundamentais para os relacionamentos amorosos, como uma maior aproximação com o outro.

Não é à toa que durante a estação fria o movimento nas locadoras de filmes aumenta cerca de 70%, e os maiores frequentadores são os casais, com ou sem filhos.

Abraço, afeto, carinho, chamego, xodó. Tenha o nome que for, a proximidade do outro inverte a temperatura do inverno. Nada melhor do que se esquentar nos dias frios e de quebra ter boa companhia. Assim como acontece com as cobertas tradicionais, que podem ser mais ou menos quentes, o cobertor de orelha também pode variar em grau de temperatura. Há sim aqueles que são capazes de fornecer mais ou menos calor, dependendo do biótipo de cada um. Se você já tem um, aproveite. Se não, esteja aberto a encontrá-lo. No inverno, mais do que em qualquer outra estação, o fundamental é fazer com que o frio fique do lado de fora. Da casa e do coração.

12 de março de 2011

Quanto tempo demora?


Acordei com o seu gosto e a lembrança do seu rosto. Mas, daqui a um mês, ela vai ter se dissipado, eu sei. Quando salpicamos os dias de lacuna, o tempo acaba apagando tudo, até as memórias mais resistentes. No começo, é um esforço para não deixar as reminiscências submergirem, trazendo-as à tona toda hora, num resgate incessante. Há quem diga que isso se chama esperança. Eu chamo de teimosia. A gente resiste a ver morrer, quer sempre salvar. Dá um certo desespero, é um derramamento de angústias. Mas tudo o que é sedimento uma hora sucumbe e afunda. Devagar. O inflexível não tem como ser fácil.

Não é fim do mundo. Até porque ele não acaba. Daqui a um mês, a Lua vai continuar no mesmo lugar.

E a saudade em mim agora, quanto tempo será que demora? Sentimentos assim não demoram. Perduram. Daqui a um mês, um ano, uma década.

E a Lua lá, no mesmo lugar.

 
(Kandy Saraiva - Idéias na Janela)

7 de março de 2011

Rolinha roxa no meu jardim

No jardim da minha casa há um pé de romã que fica bem em frente à janela do meu quarto.

No dia 05 de fevereiro reparei que uma pomba da espécie rolinha roxa procurava gravetos, e em uma das vezes em que ela encontrou um, acompanhei-a com o olhar para ver aonde ela ia. Bingo! Ela levou o graveto para outra rolinha que já estava no pé de romã fazendo o ninho do casal. Uma graça a minha descoberta! Fiquei um bom tempo reparando os dois naquele dia, que era um sábado.

No domingo eu não vi movimento de construção do ninho e nem sinal das pombinhas.
Na terça seguinte observei que havia uma delas no ninho, quietinha, parecendo já chocar os ovos. E desde então eu passei a acompanhar, da janela do meu quarto, aquele casal de rolinhas.

Pesquisando na internet fiquei sabendo que as rolinhas roxas são monogâmicas e que o casal fica junto para sempre. Os ninhos são rasos, como pequenas tigelas, feitos de ramos, gravetos, e ainda secreções como a saliva e fezes para dar certa liga aos gravetos do ninho. Macho e fêmea chocam os ovos, que geralmente são dois.

Nos dias que se seguiram, eu passava horas acompanhando essa família de inquilinos da minha árvore. O casal não deixava o ninho sozinho por nem um minuto. Geralmente, por volta das 10 horas da manhã, um deles chegava para substituir o que estava chocando os ovos, e este levantava vôo, pousava no fio de luz, se espreguiçava, se limpava e voava para longe, certamente para procurar alimento. Perto do meio dia este voltava e assumia seu posto no ninho. À tarde esse processo se repetia. Creio que a rolinha que passava a maior parte do tempo chocando os ovos devia ser a fêmea. O macho ficava sempre por perto, no fio de luz ou no muro da casa da frente.

Até que cerca de 15 dias depois de eu descobrir as rolinhas e o ninho, eu percebi que a família já estava maior. Havia nascido um filhote. Curiosamente só um, pois o natural é a postura de dois ovos. Mas esse seria filho único.

Ao longo dos dias observei atentamente a rotina das rolinhas. Elas não deixavam o filhote sozinho, e continuavam se revezando para comer. Quando chegavam do vôo traziam no bico o alimento para o filhote. Na verdade os pais se alimentam e produzem um líquido nutritivo no papo com o qual alimentam a cria.

Foi lindo ver o filhotinho crescendo. Com pouco tempo eles quase não cabiam mais no ninho, que estava ficando pequeno para filhote e mãe (ou pai) juntos.
Muito rápido o filhote cresceu, a plumagem se encheu, e ontem ele começou a sair do ninho. A essa altura os pais já o deixam sozinho por horas, o que me angustia um pouco. Eu fico com receio de que nenhum deles volte, imaginando que já esteja na hora da cria seguir o seu caminho sozinha. Mas ainda não. Eles sempre voltam com o papo cheio de alimento, quando o filhote come rapidamente e, saciado, se aconchega quietinho junto ao corpo quente da mãe/pai. As chuvas esses dias estão torrenciais, e quando eu chego na janela, lá estão os pais, firmes e fortes ao lado do filhote, tomando chuva na cabeça mas protegendo como possível o pequeno pássaro ainda indefeso.

Percebi que o filhote é deixado sozinho cada vez com mais freqüência, e que quando a mãe ou pai chegam com o alimento, eles já não vão mais de encontro ao filhote. Ficam alguns galhos longe, se mexendo e arrulhando, e tenho a impressão de que esse comportamento é proposital, pois percebo que desse modo, o pequenino começou a dar pequenos vôos em direção aos pais. Dia a dia fazendo assim, logo ele vai ter confiança para voar mais longe.

Em um mês eles construíram o ninho, botaram o ovo, chocaram, o filhote nasceu, e a família já está quase pronta, creio eu, para ir embora da minha árvore. Árvore que agora conta com dois ninhos de rolinha roxa. Em dezembro do ano passado nós descobrimos o primeiro ninho de rolinha no nosso pé de romã. Na época havia dois filhotes já crescidinhos. Viajamos no Réveillon e na nossa volta já encontramos o ninho abandonado e vazio. Nosso pé de romã parece estar virando condomínio de rolinhas, o que eu acho ótimo, pois é maravilhoso poder observar tão de perto o milagre da natureza.

Sei que nos próximos dias eu vou acordar e já não vou mais achar a família ali tão perto da minha janela. Desejo que esse filhotinho sobreviva e siga seu caminho natural, e, quem sabe, daqui a algum tempo ele volte, acompanhado, para construir o seu ninho na nossa árvore, recomeçando o ciclo da vida...

Dessa família de rolinhas eu já sinto saudade... O bom é que fotografei tudo para o registro não ficar apenas na memória. Daqui a algum tempo vai ser bom rever esses inquilinos, mesmo sendo apenas por fotos.

Rolinha chocando - 10.02.11

O filhotinho - 05.03.11


A mãe e o filhote no ninho - 05.03.11


Filhote já fora do ninho, junto com a mãe - 08.03.11


Mãe alimentando o filhote. Ele já sai da árvore... 09.03.11
 

09.03.11


Filhote sozinho no telhado, tomando um sol, depois de muita chuva!
12.03.11


8 de fevereiro de 2011

Banho de água fria


Hoje levei o tal banho de água fria. Júpiter em Áries cortou meus sonhos, me fez séria, encarei a realidade. Não gostei. Antes iludida e feliz, mas existe essa maldita hora de cair na real. Tentei... mas fugiu ao meu controle. Por que não entender isso de uma vez? Mas meus sentimentos estão rígidos. Sol alinhado em Marte me puxou o pé, e a Lua Crescente, que está próxima, põe em auge os conflitos e movimentos separatistas.

Tem dias que são estranhos. Nos pegam de jeito por algo que não entendemos bem. E, melhor não entender... Como gosto muito das metáforas, analisemos o sentido literal do banho de água fria.

O objetivo do banho frio é justamente esse choque com a água gelada. E por isso ele deve vir depois do banho quente. Banho frio não é para ficar embaixo da água e deixar baixar a temperatura do corpo, correndo o risco inclusive de se pegar um resfriado. Deve ser por segundos, apenas para causar um choque. O choque de temperatura vai exigir do organismo uma formidável reação que promoverá bem-estar. Isso acontece porque o choque produz endorfinas, vaso constrição, ativa o metabolismo e o funcionamento de todos os órgãos, estimulando-os. Esse choque ainda eleva todas as funções orgânicas e, como conseqüência, o nível de saúde. Pode aumentar o sistema imunológico, prevenindo gripes e resfriados. Eleva a auto-estima, trazendo benefícios nos aspectos mental e emocional. Privilegia o cérebro e deixa o corpo mais “acordado” e “lúcido”, pronto para a ação, revigorando-o.

Então é isso. O banho de água fria nos faz bem, em qualquer sentido. Deixa a gente acordado e lúcido, pronto para agir. O choque assusta e pode doer, mas nos prepara para o que está por vir. A gente acorda para a realidade, analisa a vida, pesa os prós e contras, e segue o caminho escolhido – ou que formos “forçados” a seguir. Tudo tem um porquê... sempre. Mas nem sempre se contente com o destino. Receba o choque da água fria, respire fundo, se refaça e se atreva!... A vida não se faz apenas pelo destino, mas também por nossas ações e nossa capacidade de renascer...

4 de fevereiro de 2011

Ouvidos melindrosos




Eu sou uma pessoa extremamente auditiva. Sons e barulhos geralmente provocam em mim efeitos consideráveis, tanto para o lado bom quanto para lado ruim.


Há barulhinhos que eu considero deliciosos de serem ouvidos:


o som do vento batendo nas folhas numa tarde de verão;


passarinhos cantando na janela ao amanhecer;


as ondas do mar quebrando na praia enquanto você está sobre as pedras e absorto em seus pensamentos;


aquele chorinho meio rouco de neném recém nascido;


o “tlec tlec” do teclado de computador sendo usado por alguém, numa tarde tranqüila de trabalho;


e o meu favorito: o tic tac do despertador na noite silenciosa do quarto. A-DO-RO! O tic tac me nina e me faz ter uma sensação gostosa da noite, representando descanso, conforto, relaxamento.


Não raramente eu sofro com essa vida barulhenta. Quando meus pais escolheram o quarto da casa que seria da filha mulher, infelizmente eu fui prejudicada. Minha janela fica de frente para a rua e isso implica em noites mal dormidas. Carros passando em alta velocidade, transeuntes conversando, o latido do cachorro do vizinho, a conversa da turma na esquina, tudo faz com que eu custe a pegar no sono, ou até mesmo com que eu acorde durante a madrugada. A própria TV da minha casa, ligada lá na sala, me incomoda quando eu vou dormir. Geralmente as pessoas gostam de dormir ouvindo rádio, mas eu detesto. Não consigo dormir com rádio ligado. Nem TV. Aos sábados, invariavelmente, sou despertada pelo som da loja de suprimentos alimentares – de frente à minha casa – que, confesso, nem é tão alto assim, mas é o suficiente para fazer cócegas nos meus tímpanos. Ou o meu sono é muito leve, ou os meus tímpanos são muito sensíveis. Aliás, deve ser isso: o meu sono é leve justamente porque meus tímpanos são sensíveis.


Na mão dos barulhos desagradáveis, sigo com os bares ou boates que colocam música alta demais. Detesto! Não gosto de não ouvir o que as pessoas estão falando comigo e ter que ficar gritando para conversar. Também não gosto de celular que toca descontroladamente, principalmente se o toque for de bateria de escola de samba. Odeio o engraçadinho da mesa ao lado que se acha no direito de contar histórias usando um tom de voz de personagem de teatro lotado. Se não são meus ouvidos que são, digamos, melindrosos, das duas uma: ou eu sou muito chata, ou eu estou velha! Meu irmão diria que eu estou velha. Prefiro a opção de ser chata! Rs...


Gente de ouvidos doloridos como os meus resolveram se organizar para mudar a situação. Há um tempo eu li em algum lugar que dois artistas novaiorquinos, cansados de não conseguirem um lugar para conversar em público por causa do barulho, bolaram uma solução muito original: a Quiet Party.


A festa é original porque, ao contrário de tudo o que a gente já viu (e ouviu), não rola som nenhum. Nenhum mesmo, já que as pessoas são proibidas de falar e usar celulares. A comunicação toda flui por meio de bilhetinhos escritos a lápis e papel, convencionais mesmo. SMS não vale! E, pasme, ninguém acha a festa chata! Os organizadores dizem que é divertidíssimo, pois você consegue reviver aqueles tempos em que ficava mandando bilhetinhos para os colegas nas aulas chatas. Risadinhas e olhares marotos estão liberados, então ninguém sai de lá chateado. No mínimo deve haver efeitos colaterais interessantes: aprender a ouvir a si mesmo, a observar mais as pessoas, e, veja só, reaprender a escrever à mão! Poetas enrustidos podem se revelar, e desenhistas talentosos, porém tímidos, fazer sucesso na balada.


Que maravilha que o mundo é eclético e as pessoas são tão criativas!!!
"A Felicidade só é real quando é compartilhada."
(Christofer Mccandles)