22 de outubro de 2009

Dia de Chuva



Acordar de madrugada e ouvir a chuva caindo lá fora. Que sensação mais deliciosa aquele barulhinho dos pingos se encontrando com o asfalto, com as folhas das árvores, e até daquela goteirinha que se torna melodia no silêncio da noite. Puxar a coberta para mais perto de si, até o pescoço, esquentando o corpo, virar para o outro lado se ajeitando no macio da cama, sabendo que se têm ainda algumas horas para dormir até a hora de se levantar para o trabalho.

E eis que essa hora chega. Não há agora escapatória. É o momento de levantar, se aprontar e encarar a chuva de frente. Preguiça. Marasmo. Desânimo. Melancólico olhar o céu cinza, as nuvens carregadas, as gotas estourando no chão... e a cama chamando por você.

Por que será que quando o sol não aparece, nós ficamos com tamanha falta de entusiasmo? Deve ser porque os passarinhos não cantam, as crianças não correm na rua, o dia não brilha. Quando chove o dia fica escuro mesmo sendo manhã, parece que o mundo para, há certo tom de tristeza. Mas é puro egoísmo nosso enxergar a chuva assim: como algo sombrio e desestimulante.

A chuva é fundamental para que existam as árvores, os pássaros, nós, qualquer ser vivo. Para regar as culturas e as florestas, encher os rios e os lagos, fazer brotar as nascentes de água que nós usamos. Encher também as barragens para a produção da energia elétrica sem a qual já não sabemos viver. A chuva lava o ar, fazendo assentar as poeiras e outras impurezas que nele existem. A chuva lava a alma. Propicia o arco-íris.

Chuva é confortante e é ótimo para dormir! Também é ótimo para se ler um bom livro, já que quando se está chovendo as opções de lazer ficam mais escassas.

Correr na chuva, nadar na chuva, voltar da escola junto com os amigos, a passos bem curtos, só para sentir os pingos de chuva a molhar a cabeça. Contrariando a vontade dos pais, tempo de chuva é tempo bom para as crianças brincarem nas poças d’água e voltarem para a casa com as roupas encharcadas, os tênis enlameados, o espírito repleto de aventuras e a memória cheia de histórias para contar.

Chuva tem barulhinho bom, tem cheiro bom, tem comida boa. Ninguém nunca ouviu falar em bolinho de sol, mas bolinho de chuva todo mundo conhece. Chuva tem cara de conforto, de noite bem dormida, de pijama cheiroso, de cama gostosa. Tem jeito de filme com pipoca. E é um sossego para a maioria das famílias, pois em noite de chuva todo mundo fica em casa, e assim o sono dos pais está garantido pela chuva que lava o mundo.

Deixa a chuva cair. Deixa a chuva recriar a vida, te mostrar outras opções de lazer, limpar. Como já cantou Guilherme Arantes, “deixa chover, deixa a chuva molhar; dentro do peito tem um fogo ardendo que nunca vai se apagar”. O que importa é manter a alegria de viver, independente se é dia ou noite, se tem sol ou chuva, se é inverno ou verão, se está escuro ou se tem claridade. Afinal, a bonança sempre vem depois da tempestade!


8 de outubro de 2009

Diga X!


A palavra fotografia vem do grego φως [luz], e γραφις [grafis], e significa "desenhar com luz".
Fotografar é congelar o momento presente para o futuro.
É registrar emoções vividas para as gerações futuras.
Mas se repararmos bem as fotografias de qualquer pessoa, podemos afirmar que ela foi a mais feliz, a mais realizada, a que teve a vida mais fantástica de todas. Os momentos registrados foram aqueles responsáveis pelo melhor sorriso, evidenciando a mais pura alegria, e nos dando a entender que a vida da pessoa foi um infinito de alegrias, conquistas e realizações.

É essa a sensação porque ninguém tira fotos dos momentos ruins. Daqueles em que se está triste. Daqueles onde nada nos ocorre de bom ou quando parece que estamos em um beco sem saída. As fotos mais comuns são habitualmente celebrações em grupo. A família no Natal, as férias de verão, a viagem com o amor. Ninguém quer registrar para sempre a sua cara de decepção quando se levou um bolo, ou quando seu time perdeu o campeonato, ou as dez horas que esteve à espera para ser atendido no centro de saúde. Também não há de se querer emoldurar os detestáveis extratos do banco naqueles meses difíceis, ou o abraço amargo recebido em um funeral. As imagens que ficam são as das ocasiões especiais, das coisas boas, as fantásticas recordações.

E você pode reparar como os seus momentos KODAK são tão parecidos com os das outras pessoas. Todos celebrando as mesmas ocasiões. Pode olhar as suas fotos no Orkut e comparar com as fotos postadas nos álbuns dos seus amigos. De original ninguém tem nada. Há muito se diz que nada se inventa e nada se cria; tudo se copia. Mas não precisamos nos sentir mentirosos, afinal, aqueles momentos são fatos, existiram, tanto que foram registrados. Mas o que queremos transmitir às pessoas? Qual a imagem que queremos passar de nós mesmos? Eis uma questão a ser refletida. Seria bom começar pelo ponto de que somos aquela pessoa da foto, temos aqueles amigos, estivemos naquele lugar, vivenciamos aquele momento, mas é bom reconhecer que não somos apenas aquilo ali retratado. Escondemos algo mais. Ou omitimos. É certo que por ali não contamos toda a verdade sobre nós. Mas manter as fotos dos grandes momentos é reviver um pouco deles em cada uma que olhamos. E verdade seja dita, isso traz um pouco de paz à nossa alma.

1 de outubro de 2009

Borboletas no Estômago

Imagine uma borboleta batendo as asas bem pertinho do seu rosto, chegando mesmo a tocar em você. Certamente a sensação será a de um vento suave e algo como a lhe fazer cócegas. Algo macio, delicado, leve e capaz de lhe provocar um “desconforto gostoso”.

Sensação que incomoda mas causa prazer, desorienta mas te coloca um sorriso no rosto. É isso que sentimos quando dizemos que estamos com borboletas nos estômago: inquietação, ansiedade, nervoso miudinho, euforia, prazer, satisfação, alegria, leve sorriso nos lábios, olhar contemplativo, friozinho na barriga. São as asas batendo por dentro, se esvoaçando, de borboletas indo e vindo dentro da alma. Fazem a fome desaparecer, nos deixam incapazes de engolir o que quer que seja. Talvez seja porque as borboletas já tenham ocupado todo o espaço.
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Borboletas no estômago... são mãos que gelam sem estar frio, coração que pulsa mas bate descompassado, sorrisos que aparecem sem dar aviso prévio.
E essas borboletas são muito danadas! Não se contentam em ficar apenas no estômago, nos causando dores de barriga e risadas sem fundamento. Elas sobem pela espinha, arrepiam nossos pelos, e se espalham sem pedir licença pelo corpo. Pior de tudo, comem nossas línguas e roubam nossas falas, e lá ficamos nós, mudos, perante a ação destes insetos libertários.
E não acaba aí não! Fazem nos sentir leves, quase flutuantes, sem sentir os pés no chão – acredito que seja por causa das asas!

Quer sensação mais maravilhosa do que borboletas no estômago?? Creio que não há... Aliás, elas dão colorido à vida, por isso é que vivemos, constantemente, em busca de mais e mais borboletas... No final das contas, são elas que fazem a vida seguir e a humanidade caminhar!
"A Felicidade só é real quando é compartilhada."
(Christofer Mccandles)