Querido Papai Noel,
Há quanto tempo não nos falamos! Muitos anos já se foram desde a última vez em que eu escrevi cartinha para o senhor. Muitas primaveras se passaram desde que eu deixei de ser criança, e que precisava me comportar durante o ano para poder ganhar o presente solicitado. O mundo muito evoluiu, muitas coisas boas aconteceram, e muitas coisas ruins também. E o senhor? Continua entregando presentes com o seu bom e velho trenó, puxado pelas renas?? Ou já comprou um jatinho? Continua recebendo as cartas escritas à mão, ou já tem endereço eletrônico? Nossa, será que o senhor não vai receber essa minha carta???? Depois de mais de duas décadas me pego escrevendo uma carta de próprio punho, e agora nem sei se ela vai chegar ao seu destino...
Não sei se é porque eu cresci, e vejo o mundo diferente, mas sinto que hoje em dia menos crianças acreditam que irão receber os presentes que você entrega. Deve ser porque no mundo de hoje tudo é muito moderno, mas a essência foi se perdendo. Na minha época tudo tinha mais sentido, havia mais ingenuidade, mais simplicidade, mais amor. As crianças daquela época confundiam a realidade com a fantasia, e acreditavam que na noite de Natal receberiam todos os presentes que tinham lhe pedido. E era muito bom ver o nosso desejo ser atendido!
Mas um dia a gente cresce e aprende que nem sempre se recebe tudo que se espera, e que quem muito quer nada ganha.
Independente disso, eu jamais te esqueci e nunca deixei de acreditar no senhor, ou no que a sua figura representa. De uma forma ou de outra, é a ilusão que nos move. Sem ilusões, sem acreditar em algo melhor, algo bom, a gente não tem motivos para caminhar. É como tentar alcançar o horizonte. O senhor já tentou alcançar o horizonte? Se já, percebeu que a gente nunca consegue. Andamos um passo, e o horizonte se afasta um passo de nós. Andamos dez passos, e ele se afasta dez passos também. Depois de certo tempo eu entendi que é para isso que o horizonte serve: para nos fazer caminhar...
As ilusões e a ingenuidade da época de criança nos tornam pessoas melhores, mais certas de que a vida vale à pena. Durante anos da minha vida o senhor me trouxe muita felicidade, e aquela experiência de vivenciar momentos natalinos “ao seu lado” faz hoje com que eu acredite que é imprescindível transmitir valores como esses ao meu sobrinho e às outras crianças. E eu sinto que isso pode fazer de mim, e delas, pessoas mais felizes.
Já passei da idade de pedir bicicleta – lembra, Papai Noel: “não esqueça a minha Caloi!” – vídeo game, computador, bola ou boneca. Fico reparando nos programas de TV e nos filmes, em como tudo sempre acaba com um final feliz. É tudo sempre muito alegre e muito perfeito em seus finais. Então eu fiquei pensando se o senhor poderia me dar um milagre: um final feliz para todos os meus momentos. Eu estaria pedindo muito ou sendo egoísta? Poxa, eu me comportei bem durante o ano inteirinho!!!! Ok, Papai Noel, ok... Eu entendo que seria pedir demais. Então eu peço que o senhor continue a entregar presentes por todo o mundo, às crianças, a quem tem coração de criança e, sobretudo, aos duros de coração! Junto com os presentes, entregue um pouco do espírito de solidariedade, uma pitada de esperança, e entregue principalmente a fé, para que as pessoas vivam plenamente o verdadeiro sentido do Natal, simbolizado pelo menino Jesus, Nossa Senhora e São José, Belém e a estrebaria, a estrela, os anjos, os pastores e os Reis Magos. Entregue, enfim, a consciência do verdadeiro sentido do Natal: celebrar Jesus Cristo, que veio a esse mundo para nos salvar e nos redimir. Claro, para quem acredita, aceita e concorda. De toda forma, entregando todas essas coisas, o senhor vai acabar por me proporcionar o final feliz que pedi algumas linhas aí em cima...
Um beijo nessa sua barba branca, Papai Noel!
Obrigada, e até ano que vem!!
Juliana.
P.S.: Ia te pedir mais uma coisinha... um namorado, mas desisti! Ia te dar muito trabalho, tadinho!!! Deixa que isso eu resolvo sozinha, tá? Só vou pedir uma ajudinha ao outro Papai... o do Céu! Rs...
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P.S.: Ia te pedir mais uma coisinha... um namorado, mas desisti! Ia te dar muito trabalho, tadinho!!! Deixa que isso eu resolvo sozinha, tá? Só vou pedir uma ajudinha ao outro Papai... o do Céu! Rs...
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