29 de julho de 2008

Nostalgia

A nostalgia é algo muito forte em mim.
Estou sempre a remexer na memória das minhas histórias. E não é preciso encontrar alguém das antigas, e nem ninguém vir até mim para contar um caso que me faça vasculhar o passado.
Acontece sempre muito naturalmente.

A foto da amiga do colégio, que está no Orkut; a música ouvida na rádio, no programa Good Times (também... como querer ouvir esse tipo de seleção musical e não relembrar?); o cheiro do leite quente com Nescau, que a minha avó sempre levava para mim na cama, pela manhã; a buzina do vendedor de algodão doce; o meu brinquedo Gênius guardado em cima do meu guarda-roupa; o Sítio do Pica Pau Amarelo, que hoje meu sobrinho assiste mas que nem de longe representa o momento lúdico da minha época; conversar numa manhã fria e sair fumaça da boca, isso é bem típico da minha fase de escola, porque hoje em dia nem o frio é mais o mesmo; e por aí vai...

A nostalgia não deve ser confundida com a saudade.
Nostalgia é um sentimento melancólico que surge a partir da sensação de não se poder mais reviver certos momentos da vida.
A saudade pode, muitas vezes, cessar, quando você vai ao encontro de alguém que não vê há
muito tempo, ou vai visitar um lugar que você goste muito. E é aí que está a singularidade da nostalgia. Esta, normalmente, ao entrar em contato com o motivo da sua causa, quando é possível que isso ocorra, não diminui. Pelo contrário. Ao reencontrar um amigo com o qual você gostava de brincar, este sentimento nostálgico irá se alimentar, e não diminuir, como a saudade.

Relembrar o passado, para mim, representa sempre uma tênue linha entre o prazer e a tristeza. Eu gosto de ter a certeza de que fui feliz, ou de que fui infeliz por algum momento ou motivo e saber que essa infelicidade tenha passado, porém, relembrar deixa quase sempre um vazio dentro do peito. Uma vontade de que todos aqueles colegas da adolescência permanecessem até hoje na minha vida. Vontade de pode manter sempre comigo todas as pessoas, momentos, épocas felizes... Sim, porque o sentimento nostálgico só acontece em relação àquilo que nos foi bom. É óbvio!!
Mas como não podemos carregar tudo, literalmente, com a gente, só nos resta sermos
nostálgicos, às vezes, e nos permitirmos ao menos sentir um pouquinho da alegria ou sensação de outrora, através das lembranças, fotos, músicas, programas de TV, sons, cheiros, texturas, modismos, reencontros. Eu, vez ou outra, me permito esbaldar nas festas temáticas dos anos 80. É só fechar os olhos e deixar as lembranças fluírem... deixar ressurgir dentro da alma uma idade passada, uma saudade linda, e sentir no coração, que apesar do tempo, há festa ainda...

28 de julho de 2008

Quase como um filho

Quando um irmão ou irmã se casa, já se espera ouvir, a curto prazo, a cobrança por um herdeiro, principalmente por parte das avós. Ainda mais se essa jovem senhora ainda não foi contemplada pela doce missão de ser esse ser apaixonante, fofo, especial, amoroso, que é ser uma avó.
Mas não, eu não vou aqui discorrer sobre as avós!
Só as citei porque penso que são elas aquelas as que mais cobram que os filhos tenham filhos!

Na verdade, quero falar sobre a deliciosa sensação de se ter um sobrinho.
Na minha casa não foi diferente. Minha irmã casou-se e logo vieram as cobranças pelo baby.
O tempo passou, e em quatro anos (imagino o quanto foram longos esses quatro anos para a minha mãe!) veio a notícia da gravidez da minha irmã.
Foi um rebuliço na vida da minha mãe, particularmente!
E na de uma tia mais que empolgada que mandava presentes toda semana para o baby. Quase que minha irmã nem precisava fazer o enxoval tamanha a quantidade de roupas, mamadeiras, xucas, touquinhas e sapatinhos que recebia dessa tia.

Porém é incontestável mesmo a empolgação que todos sentíamos. Aquele bebê seria a primeira criança a nascer depois de oito anos, pelo lado da família da minha mãe, e depois de nove anos pelo lado do meu pai. Há muito não sentíamos aquele cheirinho delicioso de criança no ar!

Aquela sementinha na barriga da minha irmã ainda nem fazia volume e já modificava a vida de todos nós.
“Um berço em casa?? Para que?” Eu indagava para minha mãe.
“Para o meu neto ou neta, ora essa!” Ela respondia.
Acreditem vocês que o meu berço - sim, o meu berço! - com mais de três décadas de idade, estava sendo armado no quarto dos futuros avós, ali, do ladinho da cama deles, para quando eles precisassem cuidar do neto, futuramente.


Roupinhas dos filhos das primas, presentinhos ganhados dos amigos, roupas do tio (na época já com 23 anos, e que a avó havia guardado justamente para usar no neto, pode?). Aos poucos o bebê já tinha o seu patrimônio, os seus objetos, o seu quarto, o seu carrinho, as suas coisas... Aos poucos ele foi se tornando realidade, foi se fazendo presente em nossas vidas. Aos poucos o víamos crescer e, graças a Deus, sabíamos que estava crescendo saudável. Sem parar para pensar em como esses laços se fazem e se fortalecem, todos já amavam aquele bebê do fundo do coração! E não víamos a hora de ver a carinha dele.

Os meses foram se passando e descobriu-se que aquela sementinha havia se transformado em um pequeno homenzinho. Aaahhh... será que seria a cara do papai? Ou da mamãe? Ou poderia se parecer com o vovô?? O que importava na verdade era chegar com saúde, mas as especulações começavam. E a dúvida quanto ao nome também. Pedro? João Victor? Mateus? E depois de listas e mais listas de nomes, e de votação nas famílias, os pais escolheram um nome que foi aprovado pela maioria.
E aí passou a ser fulano prá lá, fulano prá cá, quando o fulano nascer... tudo girava em torno do fulano!
“Olha, eu vou cuidar do fulano até ele completar 1 ano, viu? Nada de berçário até lá!” A avó profanava para todo mundo saber.

E eis que o dia do fulano nascer chegou! Numa manhã de primavera ele veio ao mundo, com saúde e lindinho!
A paparicação começou na maternidade e já dura quase quatro anos!
Quatro anos de alegrias, descobertas compartilhadas, risadas, e também alguns sobressaltos, alguns resfriados mais fortes, pneumonia, tombos. Nada que não faça parte da realidade de ser ter uma criança na família.
Noites de sonhos invadidas por berros e muito choro! Perseguição por fraldas e mais fraldas! Algumas preocupações, mas tudo sempre acabava ficando bem e em plena harmonia, exceto alguns gritos e brinquedos espalhados pelo chão!

E tudo isso passou a fazer parte da minha vida, de tão perto, porque um sobrinho é quase como um filho. Aprende-se a trocar fralda, a fazer massagem para acabar com os gases, a colocar para arrotar, a perceber uma febre, a dar banho, a acalentar, a ensinar, a educar. E aprende-se a procurar programas culturais para crianças, e a dividir o seu fim de semana com o parque e o zoológico.
E acostuma-se a não resistir ao chamado de “Juju Madrinha, vem brincar comigo!”, ao olhar o sorriso largo e espontâneo no rosto daquela criança linda.

Uma criança é uma dádiva de Deus, e uma criança que é seu sobrinho ou sobrinha, mais ainda.
Como já escreveu Gilberto dos Reis, com uma criança “aprendemos a acreditar que tudo é possível; aprendemos a ser inesquecivelmente felizes com muito pouco; a nos tornarmos gigantes diante de pequenos obstáculos; a fazer amigos antes mesmo de saber o nome deles; a conseguir perdoar muito mais fácil do que brigar; a ter o dia mais feliz da vida, todos os dias; a ser o que a gente nunca deveria deixar de ser."

(Juliana Azevedo)

25 de julho de 2008

Relacionamento

1- Sempre acho que namoro, casamento e romance têm começo, meio e fim. Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:
- Ah,terminei o namoro...
- 'Nossa, de quanto tempo?
- Cinco anos... Mas não deu certo... acabou...

Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou. E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.

2- Hoje , no alto dos meus 33 anos e tiozão, não acredito muito que os 'opostos se atraem'. Porque sempre uma parte vai ceder muito e se adaptar demais. E sempre esta é a parte mais insatisfeita. Acredito mais em quem tem interesses em comum. Se você adora dançar forró, melhor namorar quem também gosta, se você gosta de cultura italiana, melhor alguém que também goste. Frequentar lugares que você gosta ajuda a encontrar pessoas com interesses parecidos com os teus. A extrovertida e o caretão anti social é complicado, e depois entra naquela questão de um querer mudar o outro... Pessoas mudam quando querem. E porque querem. E pronto. E demora!

3- Cama é essencial! Aliás, pele é fundamental. E tem gente que é mais sexual, outras que são mais tranquilas. O garanhão insaciável e a donzela sensível, acho meio estranho. Isto causa muitas frustrações e dá-lhe livros de auto ajuda sobre sexo. Assim como outras coisas, cada um tem um perfil sexual. Cheiro, fantasias, beijo, manias, quanto mais sintonia, melhor.

4- Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam. Às vezes você não consegue dar cem por cento de você nem para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro? E não há a coisa completa. Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama. Às vezes ele é carinhoso , mas não é fiel. Às vezes ele é atencioso , mas não é trabalhador. Às vezes ele é malhado, mas não é sensível. Às vezes ele é trabalhador, mas é insensível.
Tudo, ninguém tem. Perceba qual aspecto é mais importante e invista nele!

5- Pele é um bicho traiçoeiro. Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia. E às vezes a pessoa tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona... Beijo é importante. Se o beijo bate... se joga! Se não bate... mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta.

6- Se ele ou ela não te quer mais, não forçe a barra. O outro tem o direito de não te querer. Não lute, não ligue, não dê pití. Se a pessoa tá com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não. Existe gente que precisa da ausência para querer a presença. O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos. Mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Nada de drama. Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem , gravidez, dinheiro, pressão de família? O legal é alguém que está com você e por você. E vice versa. Não fique com alguém por dó também. Ou por medo da solidão. Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento. Tem gente que pula de um romance para o outro...Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?

7- Gostar dói. Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração. Faz parte. Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo. E nem sempre as coisas saem como você quer. A pior coisa é gente que tem medo de se envolver. Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta. Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível. Na vida e no amor, não temos garantias.

E nem todo sexo bom é para namorar.
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo beijo é para romancear.
Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar.
Enfim... quem disse que ser adulto é fácil?

(Desconheço o autor)

Hey Jude

Uma das melhores interpretações da música "Hey Jude" que já vi!

Hey Jude

24 de julho de 2008

E o que é que ele vê nela?

E o que é que ela vê nele? Nossos amigos se interrogam sobre nossas escolhas, e nós fazemos o mesmo em relação às escolhas deles. O que é, caramba, que aquele Fulano tem de especial? E qual será o encanto secreto da Beltrana?
Vou contar o que ela vê nele: ela vê tudo o que não conseguiu ver no próprio pai, ela vê uma serenidade rara e isso é mais importante do que o Porsche que ele não tem, ela vê que ele se emociona com pequenos gestos e se revolta com injustiças, ela vê uma pinta no ombro esquerdo que estranhamente ninguém repara, ela vê que ele faz tudo para que ela fique contente, ela vê que os olhos dele franzem na hora de ler um livro e mesmo assim o teimoso não procura um oftalmologista, ela vê que ele erra, mas quando acerta, acerta em cheio, que ele parece um lorde numa mesa de restaurante mas é desajeitado pra se vestir, ela vê que ele não dá a mínima para comportamentos padrões, ela vê que ele é um sonhador incorrigível, ela o vê chorando, ela o vê nu, ela o vê no que ele tem de invisível para todos os outros.
Agora vou contar o que ele vê nela: ele vê, sim, que o corpo dela não é nem de longe parecido com o da Daniella Cicarelli, mas vê que ela tem uma coxa roliça e uma boca que sorri mais para um lado do que para o outro, e vê que ela, do jeito que é, preenche todas as suas carências do passado, e vê que ela precisa dele e isso o faz sentir importante, e vê que ela até hoje não aprendeu a fazer um rabo-de-cavalo decente, mas faz um cafuné que deveria ser patenteado, e vê que ela boceja só de pensar na palavra bocejo e que faz parecer que é sempre primavera, de tanto que gosta de flores em casa, e ele vê que ela é tão insegura quanto ele e é humana como todos, vê que ela é livre e poderia estar com qualquer outra pessoa, mas é ao seu lado que está, e vê que ela se preocupa quando ele chega tarde e não se preocupa se ele não diz que a ama de 10 em 10 minutos, e por isso ele a ama mesmo que ninguém entenda.
(Martha Medeiros)

23 de julho de 2008

Prazer pela Metade

(Leila Ferreira)

Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa, contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido - uma só. Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa. Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação. O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.

A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade. A gente sai pra jantar, mas come pouco. Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons. Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil'). Adora tomar um banhodemorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta. Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mastem medo de fazer papel ridículo. Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a irmalhar. E por aí vai. Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação.... Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça,enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão.

Às vezes, dá vontade de fazer tudo 'errado' - deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos. Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções.
Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim: 'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'. Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado. Um dia a gente cria juízo. Um dia. Não tem que ser agora.

Por isso, garçom, por favor, me traga: cinco bolas de sorvete de coco, um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order', uma caixa de trufas bem macias e o Clive Owen embrulhado pra presente - não necessariamente nessa ordem. Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago.



"Boa Terra em teus pés, Água o bastante em sua semente, bom Vento para o teu sopro, Fogo em teu coração e muito Amor em teu ser." (J.Y..Leloup)

Namorado


(Carlos Drummonde de Andrade)
Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil, porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrimas, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.


Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fácil. Mas namorado mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e, quando se chega ao lado dele, a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda, decidida ou bandoleira, basta um olhar de compreensão ou mesmo de afiliação.


Quem não tem namorado não é quem não tem um amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim, pode não ter nenhum namorado.


Não tem namorado, quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugida ou impossível de durar.


Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora em que passa o filme, de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando se fala junto, ou descobre a meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.


Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer sesta abraçados, fazer compras juntos. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ele para parques, fliperamas, beira d'água, show de Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonho ou musical de metrô.


Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado, quem ama sem gostar, quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar.


Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou, meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser efetivo.


Se você não tem namorado é porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pensando duzentos quilos de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita e, passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras; escove a alma com leves fricções de ternuras; escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo da sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fadas. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.


Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido.


Enlou-cresça!!

22 de julho de 2008

Inverno Elegante e Feminino



Na estação mais aconchegante do ano o que não falta é elegância.
Nada mais charmoso do que resgatar do fundo do guarda-roupa os cachecóis, as blusas gola rolê, as meias fio 50, os casacos, as luvas, as toucas, os chapéus, as botas.

E não é por fazer parte da classe, mas, admitam, as mulheres ficam, na estação geladíssima, imensamente mais elegante do que os homens!
Eles, talvez por falta de costume do país tropical, não seguem tanto a moda de inverno que, nós mulheres, pegamos emprestado dos países frios.
Muitos homens chegam a achar afeminado usar uma gola rolê e cachecol. É só sair pelos bares, pelas festas juninas, para se comprovar esse fato: homem definitivamente não muda muito o visual só por ser inverno. Um casaco bem quentinho é o máximo que você vai ver aquecendo os homens, na grande maioria das vezes...

Talvez a moda também não colabore muito com a classe masculina nessa época do ano. É uma variedade de cachecóis multi coloridos, de fios com brilho, botas de cano longo cheias de recortes e também de todas as cores, batinhas xadrez para se usar com blusa quentinha por baixo, e me diga: onde encontrar tanta diversidade de complementos para os homens? Penso que eles não têm tanta culpa por se apresentarem sempre com a mesma cara, de dezembro a dezembro!

Não é à toa que outro dia, ao ir comprar um lanche perto do meu serviço, o dono da lanchonete, após me servir, aproximou-se de mim e me disse baixinho: “não é verdade que as mulheres ficam muito mais bonitas no inverno?”
Eu estava na ocasião com um cachecol em vários tons de verde e beije, com casaco verde, bota de bico fino e cano longo, e involuntariamente segurei meu cachecol, sorri, e lhe respondi que concordava plenamente com ele. Confesso que me senti elogiada!

Na verdade, penso que o que acontece, é que pelo fato de haver tantos complementos para nós mulheres, no inverno a gente se destaca, se sobressai, se apresenta com uma vestimenta muito singular, em relação aos homens, e por isso talvez nos tornemos mais chamativas, mais elegantes e “diferentes”.

(Juliana Azevedo)

21 de julho de 2008

Dia 20 de Julho - Dia do Amigo

VERDADEIROS AMIGOS SÃO ANJOS
(Autoria desconhecida)

Descobri essa irrefutável verdade ao perceber o quanto são raras essas preciosidades que chegam de repente na vida da gente e se alojam devagarzinho em local especial e essencial da nossa existência.


No decorrer dos anos, encontramos vários tipos de anjos: alguns são sonsos, vão se apoderando do nosso carinho como quem não quer nada, até que, quando percebemos, já lhes dedicamos nosso afeto integral...
Outros são mais atirados; já chegam mostrando claramente com seus olhos sinceros o quanto nossa amizade é importante para eles...
Alguns chegam necessitando de curativos nos ferimentos causados por amigos que não eram anjos...
Outros chegam para sarar nossos próprios ferimentos...
Alguns são leves e divertidos; nos mostram a alegria da vida...
Outros, não menos honestos, nos mostram a seriedade com que a vida deve ser enfrentada...
Alguns têm suas qualidades tão à mostra, que a um primeiro olhar já sabemos a que vieram...
Outros têm essas mesmas qualidades muito bem guardadas e precisamos ir desvendando-as aos poucos...
Alguns esbarram na gente numa esquina qualquer, sem avisar e nos dão carinhos reais, sorrisos reais, proteção real....
Outros chegam através da telinha de um micro, no sorrindo de longe, sem rosto, sem forma, sem voz, mas são igualmente anjos; seus carinhos são telepáticos, mas conseguem nos perceber tristes ou alegres através da fria máquina e nos fazer sentir abraçado, acarinhado, querido...
Uns não são melhores nem piores que os outros; são apenas diferentes, com suas qualidades que devemos salientar, com seus defeitos que devemos enfrentar, pois quando gostamos temos o compromisso de ser fieis até aos defeitos do nosso anjo.
O importante é tentarmos, ao longo das nossas vidas, termos sempre algum anjo com o qual possamos contar nas horas difíceis pra nos dar alento e nas horas alegres pra rir com a gente, rir da gente, rir da vida enfim!


O importante é termos anjos...
O importante é sermos anjos...

SER MÃE

Minha amiga querida.... Tá linda!!!! ;)


Nós estamos sentadas almoçando quando minha filha casualmente menciona que ela e seu marido estão pensando em 'começar uma família'.

- 'Nós estamos fazendo uma pesquisa', ela diz meio de brincadeira. - 'Você acha que eu deveria ter um bebê?'


- 'Vai mudar a sua vida' eu digo, cuidadosamente mantendo meu tom neutro.


- 'Eu sei' ela diz, 'nada de dormir até tarde nos finais desemana, nada def érias espontâneas...


- 'Mas não foi nada disso que eu quis dizer...' Eu olho para a minha filha, tentando decidir o que dizer a ela.


Eu quero que ela saiba o que ela nunca vai aprender no curso de casais grávidos.


Eu quero lhe dizer que as feridas físicas de dar à luz irão se curar, mas que tornar-se mãe deixará uma ferida emocional tão exposta que ela estará para sempre vulnerável.

Eu penso em alertá-la que ela nunca mais vai ler um jornal sem se perguntar: 'E se tivesse sido o MEU filho?' Que cada acidente de avião, cada incêndio irá lhe assombrar. Que quando ela vir fotos de crianças morrendo de fome, ela se perguntará se algo poderia ser pior do que ver seu filho morrer.


Olho para suas unhas com a manicure impecável, seu terno estiloso e penso que não importa o quão sofisticada ela seja, tornar-se mãe irá reluzi-la ao nível primitivo da ursa que protege seu filhote. Que um grito urgente de 'Mãe!' fará com que ela derrube um suflê na sua melhor roupa sem hesitar nem por um instante.


Eu sinto que deveria avisá-la que não importa quantos anos ela investiu em sua carreira, ela será arrancada dos trilhos profissionais pela maternidade. Ela pode conseguir uma escolinha, mas um belo dia ela entrará numa importante reunião de negócios e pensará no cheiro do seu bebê.
Ela vai ter que usar cada milímetro de sua disciplina para evitar sair correndo para casa, apenas para ter certeza de que o seu bebê está bem.

Eu quero que a minha filha saiba que decisões do dia a dia não mais serão rotina. Que a decisão de um menino de cinco anos de ir ao banheiro masculino ao invés do feminino no McDonald's se tornará um enorme dilema. Que ali mesmo, em meio às bandejas barulhentas e crianças gritando, questões de independência e gênero serão pensadas contra a possibilidade de que um molestador de crianças possa estar observando no banheiro.


Não importa o quão assertiva ela seja no escritório, ela se questionará constantemente como mãe. Olhando para minha atraente filha, eu quero assegurá-la de que o peso da gravidez ela perderá eventualmente, mas que ela jamais se sentirá a mesma sobre si mesma. Que a vida dela, hoje tão importante, será de menor valor quando ela tiver um filho.
Que ela a daria num segundo para salvar sua cria, mas que ela também começará a desejar mais anos devida - não para realizar seus próprios sonhos, mas para ver seus filhos realizarem os deles.
Eu quero que ela saiba que a cicatriz de uma cesárea ou estrias se tornarão medalhas de honra. O relacionamento de minha filha com seu marido irá mudar, mas não da forma como ela pensa. Eu queria que ela entendesse o quanto mais se pode amar um homem que tem cuidado ao passar pomadinhas num bebê ou que nunca hesita em brincar com seu filho. Eu acho que ela deveria saber que ela se apaixonará por ele novamente por razões que hoje ela acharia nada românticas.
Eu gostaria que minha filha pudesse perceber a conexão que ela sentirá com as mulheres que através da história tentaram acabar com as guerras, o preconceito e com os motoristas bêbados.
Eu espero que ela possa entender porque eu posso pensar racionalmente sobre a maioria das coisas, mas que eu me torno temporariamente insana quando eu discuto a ameaça da guerra nuclear para o futuro de meus filhos.


Eu quero descrever para minha filha a enorme emoção de ver seu filho aprender a andar de bicicleta. Eu quero mostrar a ela a gargalhada gostosa de um bebê que está tocando o pelo macio de um cachorro ou gato pela primeira vez. Eu quero que ela prove a alegria que é tão real que chega a doer.


O olhar de estranheza da minha filha me faz perceber que tenho lágrimas nos olhos.


- 'Você jamais se arrependerá', digo finalmente.


Então estico minha mão sobre a mesa, aperto a mão da minha filha e faço uma prece silenciosa por ela, e por mim, e por todas as mulheres meramente mortais que encontraram em seu caminho este que é o mais maravilhoso dos chamados: este presente abençoado de Deus... Que é ser Mãe."
(Autoria desconhecida)

A TV e os Relacionamentos

Cada vez mais se dá demasiada importância à televisão como o meio primordial de entretenimento e, por incrível que pareça, de Educação. Talvez por isso ela esteja como está. Talvez por isso não se criem os laços entre pais e filhos, talvez por isso os relacionamento sociais sejam cada vez mais difíceis de se estabelecerem, e talvez por isso aumentem os índices de obesidade infantil.

Não pensem que sou contra ou não vejo televisão. Sei que ela tem "espaço" para existir e que é a única companhia de muita gente que vive sozinha.Mas, TALVEZ POR TUDO ISSO, deveríamos deixar de olhar só para o aparelho; deveríamos sair e olhar ao nosso redor, estabelecer novos laços, e fortalecer os que já existem para que os relacionamentos não se deteriorem.

(José Carlos Xabregas)



18 de julho de 2008

Arnaldo Jabor

"À medida que envelheço e convivo com outras, valorizo mais ainda as mulheres que estão acima dos 30.

Elas não se importam com o que você pensa, mas se dispõem de coração se você tiver a intenção de conversar.

Se ela não quer assistir ao jogo de futebol na tv, não fica à sua Volta resmungando, pirraçando... Vai fazer alguma coisa que queira fazer.
E Geralmente é alguma coisa bem mais interessante.

Ela se conhece o suficiente para saber quem é, o que quer e quem quer.

Elas definitivamente não ficam com quem não confiam. Mulheres se tornam psicanalistas quando envelhecem. Você nunca precisa confessar seus pecados... Elas sempre sabem...

Ficam lindas quando usam batom vermelho. O mesmo não acontece com mulheres mais jovens... Por que será, heim??

Mulheres mais velhas são diretas e honestas. Elas te dirão na cara se Você for um idiota, caso esteja agindo como um!

Você nunca precisa se preocupar onde se encaixa na vida dela. Basta agir como homem e o resto deixe que ela faça...

Sim, nós admiramos as mulheres com mais de 30 anos!
Infelizmente isto não é recíproco, pois para cada mulher com mais de 30 anos, estonteante, bonita, bem apanhada, sexy, e bem resolvida, existe um homem com mais de 30, careca, pançudo, de bermudões amarelos, bancando o bobo para uma garota de 19 anos...

Senhoras, eu peço desculpas por eles: não sabem o que fazem!

Para todos os homens que dizem: "Porque comprar a vaca, se você pode beber o leite de graça?", aqui está a novidade para vocês: hoje em dia 80% das mulheres são contra o casamento, e sabem por quê?
Porque as mulheres perceberam que não vale a pena comprar um porco inteiro só para ter uma lingüiça!

Nada mais justo!"

Chocolate

(Karla Sleumer)


Eu sei que chocolate, além da gordura do cacau, tem outras gorduras, açúcares e muitas calorias. Engorda, não faz bem para o intestino, nem para o coração. Mas, que sensação! Que doçura! Que bálsamo! Parece ser uma mistura divina e que foi criado especialmente para as mulheres. E aí, vem o lado bom, a reação que ele provoca no organismo. Serve para aliviar a tensão pré-menstrual, para dor de cabeça, para acalmar e aconchegar.



Eu sei também que a compulsão é um desvio que não deve ser alimentado, e sim, tratado. Mas, está mais do que provado, que só o calórico sacia o impulso. E o prazer de ter o chocolate em fartura, é ainda maior! Comer tudo de uma só vez, confundir-se com o poder. Quanto maior a quantidade, maior a duração. Ou optar por comer o chocolate devagarzinho, se sujando, se lambuzando, é quase sensual. E deixar um restinho porque ficou ardendo por dentro, doendo de tanto doce. Chegar ao ápice do prazer! Pode ser doentio, mas é humano. E de vez em quando, uma compulsãozinha não faz mal a ninguém. Chocolate é o remédio da alma!


É até difícil acreditar que algo que parece ser tão perfeito como o chocolate, não é perfeito. Por isso que eu escolho o imperfeito. Assumo ter celulite, uma espinha no rosto e as curvas mais arredondadas. Prefiro me sentir humana, simples e real. Quero o charme de uma mulher comum. Amo a liberdade, poder ser eu mesma, com minhas virtudes e minhas fraquezas. Eu me rendo ao chocolate, porque ele ameniza as desilusões e os erros da vida. Afinal, sou humana e sou mulher.




O "vício bom" dos chocólatrasPor DIEGO FREIRE (Boys & Girls)

A falta de anonimato talvez seja uma das principais diferenças entre os “maníacos” por chocolate e outros tipos de dependentes. Ou você acha que alguma outra comunidade de viciados seria tão grande e animada como a “Eu Amo Chocolate”, com seus mais de 3 milhões de membros no Orkut?

Comer chocolate libera serotonina no corpo, o que explica o fato de tanta gente sentir euforia depois de provar um bombonzinho. No entanto, o fator inconsciente não pode ser ignorado para explicar o surgimento do vício. “Quando somos pequenos aprendemos que a sobremesa é um 'prêmio' e que, se nos comportarmos bem, vamos ganhar guloseimas. Isso colabora para formar a sensação de bem-estar que o chocolate traz”, explica a psicóloga Mariângela Savoia, ela mesma, grande fã do doce.

Mariângela concorda que há muitas semelhanças entre a dependência por chocolate e outros vícios mais pesados, mas diz serem raras as pessoas que procuram tratamento, e não as recrimina. “O grande risco do consumo obsessivo de chocolate é mesmo a obesidade. No mais, o alimento faz bem. E inclusive pode ter o mesmo efeito de antidepressivos para certos pacientes”, conta.Estima-se que US$ 60 bilhões sejam movimentados anualmente no mercado de chocolate do mundo todo. É pouco se comparado aos exorbitantes lucros da indústria de cigarros ou de automóveis, mas o negócio certamente está entre os mais rentáveis na economia dos tempos atuais.

Milionários excêntricos do ramo, como o Willy Wonka, de “A Fantástica Fábrica de Chocolates”, não são apenas personagens de ficção. Afinal os clientes dessa gigantesca indústria são praticamente todos os habitantes do planeta – de crianças a idosos, passando pelas mais distintas classes sociais.Tamanha devoção não ocorre à toa. Os prazeres provenientes do chocolate são muito semelhantes aos do uso de uma droga: pesquisas mostraram que deixar uma barra do produto derreter lentamente enquanto se mastiga pode causar batimentos cardíacos até duas vezes mais intensos e duradouros que os causados por um longo beijo na boca (uma das maiores reações de êxtase do corpo humano). Então é melhor beijar na boca e comer chocolate do que partir pra outros tipos de estados alterados do corpo, não é mesmo?

A estudante paulistana Lílian Figueiredo, de 21 anos, é total adepta dessa filosofia. “Não consigo passar um dia sem comer chocolate, me faz tão bem quanto o beijo do meu namorado”, afirma sem desmerecer o namorado (que, afinal, em casos assim, deve se orgulhar de estar no mesmo patamar da guloseima). Lílian, desde muito nova, come religiosamente todo dia uma barra de chocolate após o almoço, e concorda que o efeito está diretamente relacionado ao seu humor. “Eu como e me animo, é automático!”

O mesmo prazer satisfatório é relatado pelo advogado Bruno Lopes, de 26 anos. Porém, ao contrário de Lílian, ele atualmente se deu conta que deve controlar seu vício: “Se hoje sou gordinho, foi por comer tanto chocolate durante a vida toda. É uma pena, porque, exceto pelas calorias, comê-los só me faz bem”. Bruno acredita que não passam de mitos os outros malefícios atribuídos aos hábitos chocólatras, como o nascimento de espinhas (e as pesquisas científicas realmente estão do seu lado: nunca foi comprovado que o consumo de doces esteja relacionado ao acúmulo de acne).

Comprovado mesmo só que o consumo regular de chocolate ajuda a prevenir doenças como a fadiga, o colesterol e alguns tipos de câncer. Na sua composição há proteínas, cálcio, magnésio, ferro, zinco, caroteno, vitaminas E, B1, B2, B3, B6, B12 e C... Só coisas que fazem bem, quando ingeridas com moderação.

Um caso famoso serve para ilustrar bem o que o chocolate significa na vida de um chocólatra. A saltadora Maureen Maggi, uma das esperanças de medalha para o Brasil nas Olimpíadas de Pequim, declarou recentemente que consegue abandonar qualquer coisa, menos o chocolate de sua dieta. Ela é uma chocólatra assumida, daquele tipo que não vai conseguir deixar de comer chocolate nem aqui... Nem na China!

16 de julho de 2008

Amigo, um Ensaio




Amigo, um EnsaioMarcelo Batalha


Difícil querer definir amigo. Amigo é quem te dá um pedacinho do chão, quando é de terra firme que você precisa, ou um pedacinho do céu, se é o sonho que te faz falta.

Amigo é mais que ombro amigo, é mão estendida, mente aberta, coração pulsante, costas largas.

É quem tentou e fez, e não tem o egoísmo de não querer compartilhar o que aprendeu.

É aquele que cede e não espera retorno, porque sabe que o ato de compartilhar um instante qualquer contigo já o realimenta, satisfaz.

É quem já sentiu ou um dia vai sentir o mesmo que você.
É a compreensão para o seu cansaço e a insatisfação para a sua reticência.

É aquele que entende seu desejo de voar, de sumir devagar, a angústia pela compreensão dos acontecimentos, a sede pelo 'por vir'.

É ao mesmo tempo espelho que te reflete, e óleo derramado sobre suas águas agitadas.

É quem fica enfurecido por enxergar seu erro, querer tanto o seu bem e saber que a perfeição é utopia.

É o sol que seca suas lágrimas, é a polpa que adocica ainda mais seu sorriso.

Amigo é aquele que toca na sua ferida numa mesa de chopp, acompanha suas vitórias, faz piada amenizando problemas.

É quem tem medo, dor, náusea, cólica, gozo, igualzinho a você.

É quem sabe que viver é ter história pra contar.

É quem sorri pra você sem motivo aparente, é quem sofre com seu sofrimento, é o padrinho filosófico dos seus filhos.
É o achar daquilo que você nem sabia que buscava.

Amigo é aquele que te lê em cartas esperadas ou não, pequenos bilhetes em sala de aula, mensagens eletrônicas emocionadas.

É aquele que te ouve ao telefone mesmo quando a ligação é caótica, com o mesmo prazer e atenção que teria se tivesse olhando em seus olhos.

Amigo é multimídia. Olhos... amigo é quem fala e ouve com o olhar, o seu e o dele em sintonia telepática.É aquele que percebe em seus olhos seus desejos, seus disfarces, alegria, medo.

É aquele que aguarda pacientemente e se entusiasma quando vê surgir aquele tão esperado brilho no seu olhar, e é quem tem uma palavra sob medida quando estes mesmos olhos estão amplificando tristeza interior.
É lua nova, é a estrela mais brilhante, é luz que se renova a cada instante, com múltiplas e inesperadas cores que cabem todas na sua íris.


Amigo é aquele que te diz 'eu te amo', sem qualquer medo de má interpretação.


A amigo é quem te ama 'e ponto'. É verdade e razão, sonho e sentimento.


Amigo é pra sempre, mesmo que o sempre não exista."

Viver não dói

(Martha Medeiros)
Fiquei sabendo que um poeta mineiro que eu não conhecia, chamado Emilio Moura, teria completado 100 anos neste mês de agosto, caso vivo fosse. Era amigo de outro grande poeta, Drummond. Chegaram a mim alguns versos dele, e um em especial me chamou a atenção: "Viver não dói. O que dói é a vida que não se vive". Definitivo, como tudo o que é simples.

Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê?Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade interrompida.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: se iludindo menos e vivendo mais.

Desiderata

DESIDERATA

Vá placidamente por entre o barulho e a pressae lembre-se da paz que pode haver no silêncio.
Tanto quanto possível, sem capitular, esteja de bem com todas as pessoas.
Fale a sua verdade calma e claramente;
e escute os outros,
mesmo o estúpido e o ignorante;
também eles têm sua história.

Evite pessoas barulhentas e agressivas:
elas são tormento para o espírito.
Se você se comparar a outros,
pode tornar-se fútil e amargo;
porque sempre haverá pessoas superiores e inferiores a você.
Desfrute suas conquistas, assim como seus planos.
Mantenha-se interessado em sua própria carreira, mesmo que humilde;
é o que realmente se possui na sorte incerta dos tempos.
Exercite cautela nos seus negócios;
porque o mundo é cheio de artifícios;
mas, não deixe que isso o torne cego à virtude que exista.
Muitas pessoas lutam por altos ideais;
e por toda parte a vida é cheia de heroísmo.

Seja você mesmo.
Principalmente, não finja afeição.
Nem seja cínico sobre o amor,
porque em face de toda aridez
e desencantamento ele é perene como a grama.
Aceite gentilmente o conselho dos anos,renunciando com benevolência às coisas da juventude.
Cultive a força do espírito
para proteger-se num infortúnio inesperado.
Mas não se desgaste com pensamentos negros.Muitos temores nascem da fadiga e da solidão.

Além de uma benéfica disciplina,
seja bondoso consigo mesmo.
Você é um filho do Universo,
não menos que as árvores e as estrelas.
Você tem o direito de estar aqui.
E quer seja importante ou não para você,
sem dúvida o Universo se desenrola como deveria.

Portanto, esteja em paz com Deus,
qualquer que seja sua forma de concebê-lo.
E seja qual forem a sua lida e as suas aspirações,na barulhenta confusão da vida,
mantenha-se em paz com a sua alma.
Com todos os enganos, penas e sonhos desfeitos,
este é ainda um mundo maravilhoso.
Seja otimista!Empenhe-se em ser feliz!

Max Ehrmann, 1927

* DESIDERATA - Do Latim Desideratu: Aquilo que se deseja, aspiração.

Em alguns livros de referência, Desiderata é ainda amiúde considerado como tendo sido "achado" na velha St. Paul's Church, em Baltimore, e que data de 1692.
Entretanto, ele foi realmente escrito por Max Ehrmann, (1872-1945) que registrou o copyright em 1927; o copyright foi renovado em 1954 por Bertha K. Ehrmann.

15 de julho de 2008

Pensamentos...




"Quando nada parece ajudar, eu olho o cortador de pedras martelando sua rocha, talvez cem vezes, sem que nenhuma só rachadura apareça. No entanto, na centésima primeira martelada, a pedra se abre em duas, e eu sei que não foi aquela a que conseguiu, mas todas as que vieram antes." (Jacob Riis)

"Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das idéias mais loucas, dos pensamentos mais complexos e dos sentimentos mais fortes, tenho um apetite voraz, e os delírios mais doidos... você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer: 'E daí?!! Eu adoro voar!'" (Autor desconhecido)

“Quando a gente muda, o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo na mudança da mente, e quando a gente muda, ninguém manda na gente.” (Gabriel o Pensador)




“O mundo é um livro. Quem fica sentado em casa lê somente uma página.”
(Santo Agostinho)

“Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te.” (Willian Shakespeare)

“Amor não tem nada a ver com o que você espera receber, mas somente com o que você se dispõe a dar.” (Katharine Hepburn)

“A Felicidade só é real quando é compartilhada.” (Christofer Maccandles)

“As atitudes revelam oportunidades que a passividade teria deixado escondidas.” (Maquiavel)

Gosto de Infância

Gosto de infância - Prazeres proibidos: já provou pastel de feira e suco de revólver?
Ana Téjo


Minha mãe sempre teve horror às comidas preparadas e vendidas na rua. Demorei cerca de trinta anos para comer meu primeiro acarajé (mesmo tendo morado em Salvador) porque, segundo ela, era morte na certa. Minha primeira experiência foi em um restaurante baiano em São Paulo, no começo de um feriado. Afinal, se passasse mal, se baixasse em algum pronto-socorro, teria pelo menos alguns dias para morrer, ressuscitar, me recuperar e voltar ao trabalho. Tanto não morri que continuo aqui, escrevendo e comendo acarajé de quinze em quinze dias, religiosamente. Ah, e com tudo dentro!O estandarte dos "proibidos" era o pastel de feira. Não sei como consegui comer o primeiro. Provavelmente, foi acompanhada de alguma outra pessoa. O fato era que minha irmã e eu éramos loucas por pastéis de feira, para horror da minha mãe. Já na quarta-feira, começávamos o trabalho de lavagem cerebral em casa, nos alternando em súplicas para que minha mãe se compadecesse e trouxesse pastéis na sexta-feira. As desculpas para não trazer variavam:
O problema de não ter provado nunca um
suco de revólver é que, com o passar dos anos, ele adquiriu uma aura de mistério, tornou-se "a coisa proibida"
- Quando passei pela barraca na volta, o homem do pastel já tinha ido embora.
- O óleo estava preto, preto. Acho que eles fritam esses pastéis em óleo velho de caminhão.
- Só tinha de carne e você sabe que o de carne, eu não compro porque carne de pastel de feira só pode ser de gato!
- Ouvi uma notícia ontem dizendo que o palmito está contaminado. É morte certa!
- Eu ia comprar, mas tinha tanta gente na barraca, que não tive coragem.
- Eu quase trouxe, mas ele estava vendendo uns pastéis já fritos, já frios, que devem ter sobrado de ontem... ou de anteontem.
- Pôxa, mãe... a gente queria tanto... dá pra fazer em casa?
- Deusmelivreeguarde! Vocês sabem que eu não faço fritura em casa. Fica uma sujeira só e a casa fica cheirando uma semana!Saíamos de cabeça baixa, suspirando, apenas para voltar à carga na quarta-feira seguinte. Às vezes conseguíamos. Em geral, não.Uma barreira que nunca conseguimos romper foi a da raspadinha de praia e a do suco de revólver. A raspadinha de praia, segundo minha mãe, era inequivocamente feita com água de chuva, ou de sarjeta.
Os "sucos de revólver" eram aqueles refrescos multicoloridos, à venda até hoje em lugares selecionados e acondicionados em embalagens suspeitíssimas (e fascinantes para uma criança). Tinha de avião, de carrinho, de foguete, de revólver, de peixe (suco de peixe? Não. Suco de qualquer coisa colorida em "embalagem de peixe")... Mamãe dizia que as garrafas multicoloridas eram "pura tinta". Pura, porque eram "só" tinta e não porque a tinta fosse, necessariamente, pura e que a procedência era ainda pior que a das raspadinhas.O problema de não ter provado nunca um suco de revólver é que, com o passar dos anos, ele adquiriu uma aura de mistério, tornou-se "a coisa proibida". Outro dia, uns dois anos atrás, estive frente a frente com um suco de revólver, numa situação altamente favorável. Um fornecedor fez uma ação promocional na agência e deixou um saco inteiro de suquinhos e na criação. Coisas do mundo da propaganda, vai entender... "É hoje", pensei. "Vou me realizar". Fui detida já com a tesoura em punho.- Você vai tomar "isso"?
- Eu... er... acho que vou.
- Você é louca, Ana?
- Eu... acho que não. Sou?
- Mas isso é pura tinta!
(Ah, não! Foi minha mãe que mandou você aqui?)
- Mas...
- Pelamordedeus! Você tem filhos! Precisa viver para criá-los! E olha só! Olha aqui! Tem até uns negocinhos nadando no suco.
Aproximei o "revólver" do rosto e vi que, de fato, havia uma meia dúzia de pequenos fragmentos em suspensão.
- Deve ser da fruta _ disse, numa última tentativa.
- Fruta, Ana? Fruta??? Você acha MESMO que tem alguma fruta aqui?
- É. Acho que não.Acabei desistindo. Definitivamente, suco de revólver parece não fazer parte do meu futuro. Mas juro que se encontrar um dando sopa um dia e estiver sozinha, sem ninguém por perto, sem ninguém olhando, vou comprar e tomar escondido. Se eu morrer, vocês já sabem: foi um tiro de suco de revólver!


(Ana Téjo tem 37 anos, é publicitária, redatora, tradutora, nadadora, planejadora, cozinheira, mãe e escritora, quase nunca nesta ordem. Administra, sempre que possível, dois filhos elétricos, uma babá rabugenta, um trabalho eletrizante, uma mãe obstinada, um namorado apaixonante e uma vontade compulsiva de escrever. Ana Téjo)
Como tudo que tem gosto de infância é bom, deixo aqui o link de um vídeo com uma música que lembra a minha infância... Gostoso relembrar!... Bjs, Ju.
Lauro Corona e Glória Pires - João e Maria - 1978

14 de julho de 2008

Contrato de Casamento

O Contrato de Casamento
Stephen Kanitz

Na semana passada comemorei trinta anos de casamento. Recebemos dezenas de congratulações de nossos amigos, alguns com o seguinte adendo assustador: "Coisa rara hoje em dia". De fato, 40% de meus amigos de infância já se separaram, e o filme ainda nem terminou. Pelo jeito, estamos nos esquecendo da essência do contrato de casamento, que é a promessa de amar o outro para sempre. Muitos casais no altar acreditam que estão prometendo amar um ao outro enquanto o casamento durar. Mas isso não é um contrato.

Recentemente, vi um filme em que o mocinho terminava o namoro dizendo "vou sempre amar você", como se fosse um prêmio de consolação. Banalizamos a frase mais importante do casamento. Hoje, promete-se amar o cônjuge até o dia em que alguém mais interessante apareça. "Eu amarei você para sempre" deixou de ser uma promessa social e passou a ser simplesmente uma frase dita para enganar o outro.

Contratos, inclusive os de casamento, são realizados justamente porque o futuro é incerto e imprevisível. Antigamente, os casamentos eram feitos aos 20 anos de idade, depois de uns três anos de namoro. A chance de você encontrar sua alma gêmea nesse curto período de pesquisa era de somente 10%, enquanto 90% das mulheres e homens de sua vida você iria conhecer provavelmente já depois de casado. Estatisticamente, o homem ou a mulher "ideal" para você aparecerá somente, de fato, depois do casamento, não antes. Isso significa que provavelmente seu "verdadeiro amor" estará no grupo que você ainda não conhece, e não no grupinho de cerca de noventa amigos da adolescência, do qual saiu seu par. E aí, o que fazer? Pedir divórcio, separar-se também dos filhos, só porque deu azar? O contrato de casamento foi feito para resolver justamente esse problema. Nunca temos na vida todas as informações necessárias para tomar as decisões corretas.

As promessas e os contratos preenchem essa lacuna, preenchem essa incerteza, sem a qual ficaríamos todos paralisados à espera de mais informação. Quando você promete amar alguém para sempre, está prometendo o seguinte: "Eu sei que nós dois somos jovens e que vamos viver até os 80 anos de idade. Sei que fatalmente encontrarei dezenas de mulheres mais bonitas e mais inteligentes que você ao longo de minha vida e que você encontrará dezenas de homens mais bonitos e mais inteligentes que eu. É justamente por isso que prometo amar você para sempre e abrir mão desde já dessas dezenas de oportunidades conjugais que surgirão em meu futuro. Não quero ficar morrendo de ciúme cada vez que você conversar com um homem sensual nem ficar preocupado com o futuro de nosso relacionamento. Nem você vai querer ficar preocupada cada vez que eu conversar com uma mulher provocante. Prometo amar você para sempre, para que possamos nos casar e viver em harmonia". Homens e mulheres que conheceram alguém "melhor" e acham agora que cometeram enorme erro quando se casaram com o atual cônjuge esqueceram a premissa básica e o espírito do contrato de casamento.

O objetivo do casamento não é escolher o melhor par possível mundo afora, mas construir o melhor relacionamento possível com quem você prometeu amar para sempre. Um dia vocês terão filhos e ao colocá-los na cama dirão a mesma frase: que irão amá-los para sempre. Não conheço pais que pensam em trocar os filhos pelos filhos mais comportados do vizinho. Não conheço filho que aceite, de início, a separação dos pais e, quando estes se separam, não sonhe com a reconciliação da família. Nem conheço filho que queira trocar os pais por outros "melhores". Eles aprendem a conviver com os pais que têm.
Casamento é o compromisso de aprender a resolver as brigas e as rusgas do dia-a-dia de forma construtiva, o que muitos casais não aprendem, e alguns nem tentam aprender. Obviamente, se sua esposa se transformou numa megera ou seu marido num monstro, ou se fizeram propaganda enganosa, a situação muda, e num próximo artigo falarei sobre esse assunto. Para aqueles que querem ter vantagem em tudo na vida, talvez a saída seja postergar o casamento até os 80 anos. Aí, você terá certeza de tudo.

(Editora Abril, Revista Veja, edição 1873, ano 37, nº 39, 29 de setembro de 2004, página 22)

11 de julho de 2008

Alma Perfumada

“Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta,de sol quando acorda, de flor quando ri.
Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas,a gente se sente comendo pipoca na praça,lambuzando o queixo de sorvete,melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher.O tempo é outro e a vida fica com a cara que ela tem de verdade,mas que a gente desaprende de ver. Tem gente que tem cheiro de colo de Deus,de banho de mar quando a água é quente e o céu é azul.Ao lado delas,a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis.Ao lado delas,a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo,sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso.Ao lado delas,pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel. Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra.Ao lado delas,a gente não acha que o amor é possível,a gente tem certeza.Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria,recebendo um buquê de carinhos,abraçando um filhote de urso panda, tocando com os olhos os olhos da paz. Ao lado delas,saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração. Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa,do brinquedo que a gente não largava,do acalanto que o silêncio canta,de passeio no jardim.Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentroe que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo,corre em outras veia pulsa em outro lugar.Ao lado delas,a gente lembra que no instante em que rimos Deus está conosco, juntinho ao nosso lado e a gente ri grande que nem menino arteiro. Tem gente, COMO VOCÊ,que nem percebe como tem a alma perfumada! E que esse perfume é dom de Deus.”

(Autor desconhecido)

Maria de Queiroz

“Eu nunca fui uma moça bem-comportada. Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços. Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. Não estou aqui pra que gostem de mim. Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho. E pra seduzir somente o que me acrescenta. Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra. A palavra é meu inferno e minha paz. Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meios-termos,com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar... Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente. Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos. São eles que me dão a dimensão do que sou.”
(Maria de Queiroz)

Inverno


Nem bem chegou o inverno e as amendoeiras de minha casa já forram o chão com as suas folhas secas e avermelhadas. Ela vai perder folha por folha até ficar totalmente vazia, seca e aparentemente morta, somente vão ficar os galhos, o tronco e a raiz. Todo dia, ou varias vezes por dia, temos que varrer as folhas secas da amendoeira. Não posso deixar de notar que ela insiste em dar alguns frutos, que também caem como que pecos. Justamente no inverno ela fica “nua”, vejo em meio ao feio e a sujeira de suas folhas a vontade de renovar-se, de jogar fora o velho, o que já passou, o que não me serve mais. O desejo de libertar-se, de experimentar o novo, mesmo sofrendo o frio, mas sem medo de perder. É necessário e ela não briga contra esse fenômeno natural, pois sabe que é preciso o inverno pra chegar no verão. Na natureza o inverno é tempo de renovar a seiva, de firmar as raízes, que não se vêem, porque estão escondidas na profundidade da terra. O que ela tem de mais precioso se sujeita a estar enterrado. Inverno é tempo de espera, de podar os excessos, de matar as pragas, de alimentar-se com o que esta dentro. Tempo em que as árvores e plantas revelam o belo do feio, a coragem de perder para poder florir e dar frutos depois no seu devido tempo. A natureza exercita a paciência, tempo em que o que cresce é aquilo que não se vê, as raízes.

No inverno também as águias mais velhas procuram o cume da montanha mais alta, para poder se desfazer de suas penas, de suas garras e até de seu bico. O cume da montanha a mantém livre dos predadores, justamente no tempo onde ela não tem nenhuma defesa, e sem o seu bico ela vai viver das reservas de energia que acumulou no verão. Como podemos ver a natureza não é tão cruel como se pensa, a águia precisa passar por tudo isso para sobreviver mais uns trinta anos e poder perpetuar a espécie com águias mais resistentes. Tempo em que os animais perdem a pele, como as cobras, tempo em que os ursos hibernam e dormindo vive de suas gorduras, a natureza foi feita para sofrer mudanças, neste tempo se renovam todas as coisas, pois para que surja a primavera com os dias claros e coloridos pelas flores, foi preciso passar por dias escuros e frios do inverno.
Perder não é fácil, mudar não é da noite para o dia. É preciso coragem pra encarar os dias frios e secos de nossa vida, dias de dor, de sofrimentos, de incompreensão, onde se manifestam as nossas fraquezas, dias de jogar fora o que é velho, seco e vazio, aquilo que não me serve mais para nada e eu temo em segurar.

É preciso aprender com a natureza, ela nos ensina a entender o nosso processo, a nossa mudança, o crescimento, para chegar à maturidade. Tempo de crescer as raízes, de alargar as fronteiras, de saber esperar, de respeitar o processo do outro, de varrer as folhas, de renovar por dento para florir por fora. Em primeiro lugar é preciso aceitar o inverno, o frio, a chuva, a poda, como um processo natural de crescimento e se preparar para ele. Quem não sabe passar por isso, não conseguirá ver a beleza das cores da primavera, pois nela está a prova da capacidade de fazer novas todas as coisas. Na natureza só existe uma vez por ano a estação do inverno, em nossas vidas há muitos invernos por ano, mas também a capacidade de ter muitas primaveras e muitos verões. É tempo de crescer, de renovar-se, de abandonar o homem velho, de perder as folhas secas do egoísmo, dos pecados, dos medos, dos ressentimentos, da solidão e do fechamento em si mesmo. A natureza não tem medo do novo, pois ela sobrevive de mudanças.

Bela estação, tempo de se expor como a amendoeira e de elevar-se como a águia. Nós fomos feitos para crescer, para florir e para dar muitos bons frutos, mas não existe maturidade sem crescimento, e o inverno que você possa estar vivendo serve de tempo para crescer. Muitas vezes, sem que ninguém perceba, por detrás da dor e do sofrimento da mudança, está surgindo uma nova pessoa. Bom inverno para você!

(Padre Luizinho)
"A Felicidade só é real quando é compartilhada."
(Christofer Mccandles)