P.S.: Ia te pedir mais uma coisinha... um namorado, mas desisti! Ia te dar muito trabalho, tadinho!!! Deixa que isso eu resolvo sozinha, tá? Só vou pedir uma ajudinha ao outro Papai... o do Céu! Rs...
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“Outro dia vi você na rua, e pensei em algumas coisas...”
“Ontem arrumei as minhas fotos antigas nos álbuns e lembrei-me dos meus antigos desejos...”
“Vamos marcar uma saída?” Respondi: “Vamos nos manter em contato...”
“Você me perdoa pelo que eu lhe fiz?” E eu: “hoje eu não consigo, amanhã...”
Reticências! Já pararam para pensar em como esses três pontinhos conseguem nos dizer tanto, ou, conseguem criar inúmeras possibilidades de pensamentos?
Adoro reticências! Talvez até eu as use em excesso. Mas muitas vezes eu tenho tanto para dizer, e sinto que elas podem se expressar por mim.
Com certeza as reticências deixam incompletas as frases, dando a entender, no entanto, o sentido do que não se disse, e, às vezes, muito mais...
Elas indicam um pensamento ou ideia que ficou por terminar, e que transmite, por parte de quem exprime o conteúdo, a omissão de algo que podia ter sido escrito, mas que não foi.
Reticências nos remetem à continuidade... da vida, das pessoas e das coisas. Contidamente, continuamos. Esse pode ser um jeito de continuar, eficiente e cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência... Apenas em lançar no ar as possibilidades, sem se comprometer...
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(Adaptado do poema Inspiração - Autoria: Céci)
Michael Jackson - You are not alone
Existem pessoas que caminham sozinhas, em determinado momento da vida;
Existem pessoas que são sempre sozinhas.
Estar só é até necessário, às vezes.
Mas ser só deve ser como não ver o sol banhando o mar em um dia de férias na praia,
como flores não nascerem na primavera,
como não ganhar beijo no dia dos namorados,
como plantar a semente e não vê-la germinar,
como esperar agrados e receber desprezo,
como sonhar com algo e não saber como alcançá-lo,
como vislumbrar a felicidade mas não conseguir encontrá-la.
Michael Jackson teve tudo para ser feliz, e não foi.
Quis ser outro, ter outro rosto, passou a clarear a pele, alisar os cabelos, afinar o nariz e assumir seu papel de metamorfose ambulante. Parecia querer dizer que ele podia ser o que quisesse. Provar algo para alguém? Para o pai, quem sabe, que sempre exigiu muito do menino Michael, sempre bateu, e apesar do sucesso e talento do filho, sempre o desprezou, dizendo que ele era feio. Palavras, essas, da irmã Latoya Jackson.
Michael Jackson, segundo psicólogos americanos, queria parecer diferente para voltar à infância infeliz e resgatar a criança que começou a morrer quando teve de integrar o conjunto musical de seus irmãos, Jackson Five. Essa regressão explicaria, em parte, sua suposta pedofilia e as inúmeras operações plásticas a que se submeteu para ser eternamente uma simulação de Peter Pan, o garoto que se recusou a crescer e acabou sozinho, vendo todos virarem adultos em sua Terra do Nunca. Ele não poderia ser um Peter Pan negro numa sociedade de Capitães Ganchos brancos. Suas biografias dizem que o pai era um tirano, que batia nas crianças e abusava dos filhos, obrigados a seguir a rígida conduta das Testemunhas de Jeová. Com uma infância dessas, não é difícil entender as razões que levaram Jackson a revelar a Oprah Winfrey sua vontade de vomitar todas as vezes que o via. Menos ainda que desejasse apagar os traços dessa infância indesejável e construir uma outra biografia, um outro ser, uma nova vida. Mesmo que fosse fictícia como a de Peter Pan.
Michael morreu em pedaços, irreconhecível até para ele mesmo. Esse freak que trocou o rosto de um menino negro pela máscara de um andrógino sem cor definida, sofria, segundo um analista, da nostalgia de algo desconhecido que não teve a oportunidade de experimentar na infância. Michael fez fama, fortuna, mudou a história da música, mas deixou a impressão de que, sempre foi, e morreu sozinho.
Fonte: Estadão