23 de setembro de 2009

Banheiro e outros lugares não tão afins

Tenho uma amiga que me contou que ela já chegou a um veredito, sobre um problema na vida dela, em plena escadaria da Praça da Assembléia.

Um colega de trabalho, parecidamente, me disse que tomou importante decisão após refletir bastante, estando nas escadas da Igreja São José.

Um amigo confidenciou que passou horas pensando na vida, refletindo sobre que rumo dar à sua existência, olhando o pôr do sol da Praça do Papa e tendo a cidade avermelhada aos seus pés.

Pensar na vida, tomar decisões, refletir... Atitudes que demandam sossego, espaço apropriado, tranqüilidade, solidão. Não há lugar pré determinado para tal. Cada pessoa faz o seu lugar, de acordo com a sua necessidade, possibilidade, ou personalidade. Pode ser o seu quarto, um lugar específico da cidade, uma igreja, uma cachoeira, ou até o seu banheiro.

Quer lugar melhor para refletir e pensar na vida do que o banheiro?
Para mim ele é perfeito para isso! É nele que eu definitivamente penso na vida. É só entrar lá e é batata! Os pensamentos, problemas do serviço, conversas que preciso ter, lembranças, momentos imaginários, ensaios de como falar aquele assunto delicado com aquela pessoa especial. Sim, eu falo sozinha, e muito, quando estou no banheiro. Acontece naturalmente. Eu não paro para pensar em fazer isso. Quando percebo, já perdi no mínimo uns 10 minutos só pensando na vida. Sempre me pego voando longe quando me dou conta de que o que tinha que ser feito ali dentro já tinha se finalizado... Não é à toa que, diferentemente da maioria, eu nunca consigo prender a atenção em leituras dentro do banheiro.

Deparei-me com um texto de um blog que costumo ler que tem tudo a ver comigo. Sem tirar nem por, é daquele jeitinho que eu me comporto dentro do banheiro. Claro que esses devaneios só ocorrem no banheiro da minha casa, não é? Ou no máximo da casa de gente muito íntima, e, às vezes, do meu trabalho, onde posso dizer que praticamente o banheiro é só para mim, já que apenas três mulheres o utilizam. Ou seja, havendo certo sossego e tempo hábil, lá estou eu a refletir dentro do banheiro.

Voltando ao texto que comentei, segue-o reproduzido abaixo. Autoria de Tatiana Lazzarotto.

“Algumas das melhores decisões da minha vida foram tomadas no banho. Parece uma coisa muito estranha para se dizer, mas é só com a água caindo sobre a minha cabeça que ela esfria. Não literalmente, porque eu só tomo banho morno. E é no processo de limpeza do corpo que eu clareio a mente. E vejo tudo mais clara+mente. Muita gente canta, mas no chuveiro eu preciso falar. Converso, tagarelo, falo sozinha até dizer chega. Desabafo, conto meus problemas ao box e à saboneteira, e assim espanto os meus fantasmas diários. Imagino soluções, ensaio contar histórias. (Na adolescência eram até tentativas de declaração de amor. Nunca concretizadas). Eu não sei qual é a mágica do banho, mas sinto que minhas melhores idéias nasceram ali. De inspirações a divagações e, mais recentemente, resoluções para a vida toda. Foi depois de um banho quente e demorado que eu decidi fazer vestibular para Letras, um dia antes do fim das inscrições. Depois de alguns banhos que tomei, que tomei (repetição proposital) a decisão de colocar um ponto final nos relacionamentos, e pingos nos “is” no que me incomodava. Depois de um banho eu decidi fazer aulas de italiano, e estou precisando de mais umas cinco chuveiradas de coragem para conseguir retomá-las. Quem dera se na vida tudo se resolvesse com água e espuma.
- Você aceita o emprego?
- Quer casar comigo?
- Podemos começar a plástica?
Espera só um pouquinho. Vou ali tomar um banho e já te digo."
"A Felicidade só é real quando é compartilhada."
(Christofer Mccandles)