16 de outubro de 2008

Vontade de Fazer Nada


Não há como escapar de dias assim: sem pedir licença eles chegam trazendo toda aquela falta de vontade, aquela preguiçinha, aquele corpo mole. Sensação de lombeira depois de feijoada num dia quente.
O ideal era estar numa praia, qualquer uma, ao entardecer, pra ver o sol se pôr, de preferência bem acompanhada, fazendo denguinho e declaração de amor!
Na verdade não é vontade de fazer nada; é vontade de fazer só aquilo que não exija muito esforço, e que proporcione imenso prazer! Ou seja: só curtição e nada de obrigação!

O dia é mais um como todos os outros e você precisa concretizar seu roteiro, suas tarefas. Mas o seu corpo não te obedece. Você precisa ir para um lado, mas ele, teimoso, te leva para o outro. As sensações são todas aquelas que te prostam e que te deixam sem reação, ou pelo menos uma boa reação às batalhas do dia. E acaba sendo mais fácil deixar o pensamento voar lá para aquelas bandas da sua memória que te remetem aos mais agradáveis momentos já vivenciados, e que se aproximam em muito do que você gostaria de estar experimentando naquele dia entediante.

E você tem vontade de estar em um monte de lugares, menos naquele em que você de fato está!
Uma tarde despretensiosa com aquele gatinho (que você batalhou para conquistar), no cinema, regada a muita pipoca (e pouco filme), refrigerante e carinhos;
um dia inteirinho de sol, no clube não tão cheio, com a piscina quase só para você, com direito a se lambuzar de água oxigenada para dourar os pêlos, sem ter que ter vergonha de ninguém;
um dia de passeio no shopping, com a carteira recheada, para poder renovar todo aquele seu ultrapassado guarda-roupa;
uma tarde na casa da sua melhor amiga, para colocar as fofocas em dia, fuxicar o Orkut dos outros, rir muito, e fazer um lanche com aquele bolo de cenoura com cobertura de chocolate que só a mãe dela sabe fazer tão gostoso;
um passeio na pracinha do bairro, empurrando o velotrol do seu sobrinho, e ouvindo os casos dele, com aquela maneira mais gostosa que ele tem de falar!;
um dia inteiro para você gastar só com você, sem pressa, para fazer as unhas, depilação, sobrancelha, cortar as pontas do cabelo, fazer uma hidratação ou Progressiva, e ficar se sentindo uma princesa;
um dia de feriado, em frente à TV, assistindo, em meio a um cochilo e outro, os programas Vale à Pena Ver de Novo e Sessão da Tarde;
regar o jardim de casa, num dia bem calorento, e ficar descalço para sentir aquela deliciosa sensação da água fria escorrendo por entre os seus pés;
uma noite de chuva, aquela chuvinha fina e intermitente batendo na sua janela, e vc ouvindo esse barulhinho gostoso, junto com o som baixinho do seu CD preferido, e sonhando acordada sem precisar se prender ao relógio porque no outro dia é domingo e você não tem que acordar cedo.

Eu poderia discorrer mais um monte de momentos revigorantes como esses, mas agora estou cansada. O bom de poder fazer nada é isso: vc pode ou não fazer alguma coisa, sem ter necessariamente que terminar o que começou. E pode pular de uma coisa para outra sem pedir permissão pra ninguém. Sem nem mesmo ter certeza se você quer realmente fazer aquilo. Mas não tem problema, porque o “fazer nada” te permite escolher entre o bom e o delicioso. Isso não é ótimo?

Hoje eu acordei assim, sem vontade de fazer nada. Sem vontade de levantar da cama, sem vontade de olhar que horas eram, sem vontade de tomar café da manhã. Nem vontade para abrir os olhos eu tinha...! No fundo acho que eu tinha era uma vontade de fazer nada fazendo só aquilo que fosse muito bom pra mim!
Assim como existe o Ano do Leão, do Rato, ou do Dragão, eu vou criar o dia de um bicho também: o Dia do Bicho-Preguiça! Em homenagem a esses dias assim, em que a gente não quer fazer nada e só quer ser muito feliz!

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"A Felicidade só é real quando é compartilhada."
(Christofer Mccandles)