7 de agosto de 2008

O Meu Pai

O meu pai sempre teve o gênio difícil, tem um bigodão que amedronta e deixa o semblante sério.
É de poucas palavras. Voz grave e alta. Pouco demonstra sensibilidade.
É um homem mais “seco”, de poucos abraços ou gestos carinhosos.
Deita bem e amanhece de “ovo virado”.
Só mesmo minha mãe para agüentá-lo!

Mas ninguém, nem minha mãe, irmãos ou eu, podemos reclamar da sua seriedade como pai e como marido. Contas em dia, comida em casa, trabalhador, esforço para pagar boa escola, pessoa honesta, caráter indubitável.

O pai afetuoso sempre esteve presente, quando meus irmãos e eu éramos crianças. Crescidos, recebemos dele mais demonstrações de valores morais do que de afeto em si, mas nunca se deixou de haver o carinho, a preocupação com o nosso bem estar, e ao modo dele, o amor de pai.

Como esquecer as histórias contadas na hora de dormir, quando ele cochilava antes da gente? Os domingos no clube, quando ele sempre perdia a nossa toalha? Os passeios no parque, quando ele sempre brigava com a minha mãe porque ela não queria que sujássemos a roupa nova? As missas na Igrejinha da Pampulha, aos domingos? O picnic no zoológico, com farofa com cheiro (e gosto) de gasolina, que estava no porta-malas daquele velho Corcel azul turquesa? As idas à todos os circos que passavam pela cidade, levando as primas junto? As viagens para Guarapari? E as viagens para Guarapari? E no ano seguinte, as viagens para Guarapari, de novo, naquele Passat antigo que quebrou no meio da estrada?

A vida de homem de família, para o meu pai, foi muito mais difícil nos anos remotos. Minha mãe ajudava com o pouco conseguido nas costuras, mas era praticamente só ele para dar conta de tudo, das despesas, da roupa nova no Natal, dos brinquedos, da escola, da diversão. Hoje em dia acho até que o astral dele é outro, gosta mais de sair, pode-se vê-lo sorrindo mais... Acredito que a responsabilidade de antes era muita e o consumia quase todo. Hoje o vejo mais leve, mais tranqüilo, menos preocupado. Pudera! Todo o seu esforço em criar bem os filhos rendeu bons frutos. Meus irmãos e eu aprendemos as lições e ensinamentos, reconhecemos o investimento e a dedicação dele, e retribuímos tudo isso, colaborando para que hoje ele tenha uma melhor idade proveitosa. Hoje é só aproveitar a vida e curtir o netinho.


Meu pai sempre deu bons exemplos, limites, ensinou com palavras e gestos. Quantos “nãos” nos foram ditos para mostrar o caminho ideal a ser seguido... Esteve sempre presente nos momentos mais importantes: desde a 1ª Comunhão, passando pelas festas juninas, até as formaturas. Foi sempre participativo.

Meu pai quis ensinar os filhos a serem melhores a cada dia, e melhores que ele mesmo. É um exemplo a ser seguido. Sua vida, seus acertos, seus equívocos, tudo serve de lição para o que de melhor eu quero ser.
Meu pai sempre foi e é como todo pai deve ser: amigo, apoio e parceiro. O tempo inteiro!

(Juliana Azevedo)

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