28 de julho de 2008

Quase como um filho

Quando um irmão ou irmã se casa, já se espera ouvir, a curto prazo, a cobrança por um herdeiro, principalmente por parte das avós. Ainda mais se essa jovem senhora ainda não foi contemplada pela doce missão de ser esse ser apaixonante, fofo, especial, amoroso, que é ser uma avó.
Mas não, eu não vou aqui discorrer sobre as avós!
Só as citei porque penso que são elas aquelas as que mais cobram que os filhos tenham filhos!

Na verdade, quero falar sobre a deliciosa sensação de se ter um sobrinho.
Na minha casa não foi diferente. Minha irmã casou-se e logo vieram as cobranças pelo baby.
O tempo passou, e em quatro anos (imagino o quanto foram longos esses quatro anos para a minha mãe!) veio a notícia da gravidez da minha irmã.
Foi um rebuliço na vida da minha mãe, particularmente!
E na de uma tia mais que empolgada que mandava presentes toda semana para o baby. Quase que minha irmã nem precisava fazer o enxoval tamanha a quantidade de roupas, mamadeiras, xucas, touquinhas e sapatinhos que recebia dessa tia.

Porém é incontestável mesmo a empolgação que todos sentíamos. Aquele bebê seria a primeira criança a nascer depois de oito anos, pelo lado da família da minha mãe, e depois de nove anos pelo lado do meu pai. Há muito não sentíamos aquele cheirinho delicioso de criança no ar!

Aquela sementinha na barriga da minha irmã ainda nem fazia volume e já modificava a vida de todos nós.
“Um berço em casa?? Para que?” Eu indagava para minha mãe.
“Para o meu neto ou neta, ora essa!” Ela respondia.
Acreditem vocês que o meu berço - sim, o meu berço! - com mais de três décadas de idade, estava sendo armado no quarto dos futuros avós, ali, do ladinho da cama deles, para quando eles precisassem cuidar do neto, futuramente.


Roupinhas dos filhos das primas, presentinhos ganhados dos amigos, roupas do tio (na época já com 23 anos, e que a avó havia guardado justamente para usar no neto, pode?). Aos poucos o bebê já tinha o seu patrimônio, os seus objetos, o seu quarto, o seu carrinho, as suas coisas... Aos poucos ele foi se tornando realidade, foi se fazendo presente em nossas vidas. Aos poucos o víamos crescer e, graças a Deus, sabíamos que estava crescendo saudável. Sem parar para pensar em como esses laços se fazem e se fortalecem, todos já amavam aquele bebê do fundo do coração! E não víamos a hora de ver a carinha dele.

Os meses foram se passando e descobriu-se que aquela sementinha havia se transformado em um pequeno homenzinho. Aaahhh... será que seria a cara do papai? Ou da mamãe? Ou poderia se parecer com o vovô?? O que importava na verdade era chegar com saúde, mas as especulações começavam. E a dúvida quanto ao nome também. Pedro? João Victor? Mateus? E depois de listas e mais listas de nomes, e de votação nas famílias, os pais escolheram um nome que foi aprovado pela maioria.
E aí passou a ser fulano prá lá, fulano prá cá, quando o fulano nascer... tudo girava em torno do fulano!
“Olha, eu vou cuidar do fulano até ele completar 1 ano, viu? Nada de berçário até lá!” A avó profanava para todo mundo saber.

E eis que o dia do fulano nascer chegou! Numa manhã de primavera ele veio ao mundo, com saúde e lindinho!
A paparicação começou na maternidade e já dura quase quatro anos!
Quatro anos de alegrias, descobertas compartilhadas, risadas, e também alguns sobressaltos, alguns resfriados mais fortes, pneumonia, tombos. Nada que não faça parte da realidade de ser ter uma criança na família.
Noites de sonhos invadidas por berros e muito choro! Perseguição por fraldas e mais fraldas! Algumas preocupações, mas tudo sempre acabava ficando bem e em plena harmonia, exceto alguns gritos e brinquedos espalhados pelo chão!

E tudo isso passou a fazer parte da minha vida, de tão perto, porque um sobrinho é quase como um filho. Aprende-se a trocar fralda, a fazer massagem para acabar com os gases, a colocar para arrotar, a perceber uma febre, a dar banho, a acalentar, a ensinar, a educar. E aprende-se a procurar programas culturais para crianças, e a dividir o seu fim de semana com o parque e o zoológico.
E acostuma-se a não resistir ao chamado de “Juju Madrinha, vem brincar comigo!”, ao olhar o sorriso largo e espontâneo no rosto daquela criança linda.

Uma criança é uma dádiva de Deus, e uma criança que é seu sobrinho ou sobrinha, mais ainda.
Como já escreveu Gilberto dos Reis, com uma criança “aprendemos a acreditar que tudo é possível; aprendemos a ser inesquecivelmente felizes com muito pouco; a nos tornarmos gigantes diante de pequenos obstáculos; a fazer amigos antes mesmo de saber o nome deles; a conseguir perdoar muito mais fácil do que brigar; a ter o dia mais feliz da vida, todos os dias; a ser o que a gente nunca deveria deixar de ser."

(Juliana Azevedo)

Um comentário:

Anônimo disse...

Ju,
lindo seu texto!!!
Você, com suas palavras profundas, descreveu a total realidade do que nosso fofucho nos proporciona até hoje... e acho que o fará por toda a vida!!!
Bjs, Gi.

"A Felicidade só é real quando é compartilhada."
(Christofer Mccandles)