8 de junho de 2010

Aparando as arestas


Ao longo da vida precisamos nos relacionar com pessoas dos mais diversos tipos: alegres, bem dispostas, queridas, aquelas que vivem de mau humor, ou que o santo não bate com o nosso, ou ainda as tímidas, as falantes, engraçadas ou as que chamamos de “sem sal”. Naturezas diversas, e muitas vezes diversas da nossa. Relações que escolhemos viver, ou que a vida nos impõe biologicamente, ou a que somos levados involuntariamente pela profissão.

O fato é que é quase humanamente impossível não nos chatearmos vez ou outra com alguém, com o jeito que determinada pessoa nos tratou, ou com o que falou, ou deixou de falar. Algumas vezes o silêncio por si só fala... Mas, de repente, o outro não compreende esse silêncio...

Consciente ou não, há sempre quem dê alfinetadas. Mas o bom senso manda, ao invés de usar o alfinete, usar a tesoura para aparar as arestas nos relacionamentos, sejam eles quais forem: de amigos, amoroso, entre pais e filhos, parentes ou colegas de trabalho. Pessoas que se amam discutem, sim! É através da boa discussão que aprendemos e crescemos, mostramos a nossa individualidade e abrimos espaço para manter a nossa privacidade e ponto de vista em vigor. Discutindo, podemos expressar nossas características e nos mostrar como somos, o que pensamos, o que queremos, como gostamos disso ou daquilo. Esse é o momento para expressar que não estamos nos sentindo confortáveis com algo, sem necessariamente atacar o outro. É aí que as pessoas se fazem conhecer e mostram o seu potencial para a relação.

Apare arestas sempre! Corte os cantinhos que te machucam, lixe, neutralize os problemas e aceite as pessoas com suas qualidades e defeitos. A vida assim pode ser mais fácil e leve de ser vivida, pode ser mais feliz.

Abaixo, segue um trecho do poema de Carlos Drummond de Andrade, onde o autor cita a importância de se aparar arestas... O poema é direcionado ao amor entre um homem e uma mulher, mas amor é sempre amor, e saber bem vivê-lo é primordial em toda relação humana.


"Para Viver um Grande Amor,
É preciso abrir todas as portas que fecham o coração.
...
É preciso muita renúncia em ser e mudança no pensar.
É preciso não esquecer que ninguém vem perfeito para nós!
É preciso ver o outro com os olhos da alma e se deixar cativar!
É preciso renunciar ao que não agrada ao seu amor...
Para que se moldem um ao outro como se molda uma escultura,
Aparando as arestas que podem machucar.
É como lapidar um diamante bruto...para fazê-lo brilhar!...“

2 comentários:

Gi disse...

Muito bom esse texto! Atualmente estou tentando aparar as arestas da minha vida! Beijos, Gi.

Anônimo disse...

Parabéns Ju, cada dia que leio seus textos fico mais encantado.

Abraços,

Alex

"A Felicidade só é real quando é compartilhada."
(Christofer Mccandles)